O Datafolha ainda mostra que a discordância em relação à defesa de Bolsonaro de armar a população também é ampla no segmento das mulheres

A defesa de Bolsonaro de armar a população, feita durante reunião ministerial, é rejeitada por 72% da população, segundo pesquisa Datafolha. O levantamento mostra que, de forma inegável, a população brasileira não concorda com o argumento do presidente de que é preciso armar as pessoas para que não sejam escravizadas por governos.
A tese de Bolsonaro é de que facilitar o acesso a armamento, neste momento, seria um tipo de garantia para que a população não cumpra medidas impostas pelos governantes, adversários políticos dele, durante a pandemia.
“Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme. Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui”, defendeu o presidente na reunião, dirigindo-se a Sérgio Moro (ex-ministro e hoje adversário do governo) e ao general Fernando Azevedo e Silva.
Segundo o Datafolha, essa tese do presidente tem adesão em apenas 24% dos pesquisados, que concordam com a declaração, enquanto 2% não estão de acordo nem discordam e outros 2% não souberam responder.
Segmentos
As mulheres entrevistadas pelo instituto também rejeitam a fala de Jair Bolsonaro. Neste segmento, segundo o Datafolha, a rejeição à frase chega a 80%, enquanto apenas 16% fazem coro ao presidente. Entre os homens, a discordância cai para 62%, e a concordância é de 34%.
Os estratos econômicos da população com menor renda também reprovam o armamento da popuação. Entre os que declaram ter renda familiar mensal de até dois salários mínimos, 77% rejeitam armar a população contra hipotéticos regimes escravizantes e 19% aceitam o argumento.
Mas essa rejeição cai progressivamente à medida que aumenta a renda. Na parcela mais abastada, que ganha mais de dez salários mínimos mensais, 60% discordam de Bolsonaro e 38% concordam com ele.
A margem de erro da pesquisa, feita com 2.069 entrevistados nos dias 25 e 26 de maio, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em razão da pandemia do coronavírus, o levantamento foi realizado por meio de telefone celular, e não presencialmente, como costuma ser a prática do instituto.
Desde que assumiu o governo, Bolsonaro busca flexibilizar o porte e a posse de armas de fogo e acesso à munição, mas muitas de suas iniciativas enfrentaram resistência, inclusive no Congresso e no Supremo Tribunal Federal.
Com informações da Folha.