
Em manifesto contundente povos Guarani e Kaiowá cobram atuação dos órgãos públicos exigindo a instalação de barreiras sanitárias nos territórios indígenas para prevenir a entrada da Covid-19.
A cobrança ocorreu na quinta-feira (9), um dia após a sanção da lei 14.021 de proteção social para prevenção do contágio e propagação do vírus, inclusive com reconhecimento da vulnerabilidade desses povos em seu texto. No entanto, a norma foi sancionada com 16 vetos, entre eles trecho que nega o fornecimento de água potável a indígenas e quilombolas.
No documento, publicado no site da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), os indígenas reivindicam que o governo do Mato Grosso Sul bloqueie o acesso e circulação de pessoas nos territórios em que vivem. Do governo de Jair Bolsonaro, as comunidades Guarani e Kaiowá cobram o cumprimento da Constituição Federal de 1988, alegando que “essa prática do estado brasileiro é crime contra a humanidade.
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O aumento do racismo institucional na pandemia, com o abandono de reservas indígenas pelo poder público, também é denunciado no manifesto.
“A Reserva Indígena mais populosa do estado, com mais casos positivos e dois óbitos continua sem apoio do estado e municípios às barreiras sanitárias indígenas, isso é um descaso, abandono do povo Guarani e Kaiowá enfrentando uma pandemia que vem deixando rastros profundos de violência nas comunidades indígenas”, diz texto do manifesto.
Na tentativa de frear o avanço da Covid-19 no território, os próprios indígenas têm realizado inspeções sanitárias nos limites das comunidades. “Estamos nos organizando em turnos, colocando nossos corpos em risco”, denunciam.
De acordo com último levantamento divulgado pela APIB haviam 10 mil casos de contaminação de indígenas pelo novo coronavírus e mais de 400 mortes.