O vice-presidente definiu como “surreal” a forma como os incêndios florestais na Amazônia são passados à população e atacou a criação do Conselho Consultivo

Enfrentando críticas do empresariado em relação às queimadas da Amazônia, o vice-presidente, Hamilton Mourão, relativizou os danos ambientais e defendeu o desenvolvimento da bioeconomia na região. A declaração foi dada nesta quinta-feira (27) em uma videoconferência com entidades do setor de comércio.
Para o líder do Conselho da Amazônia, a forma como os incêndios florestais são passados à população é “surreal”. Segundo Mourão, há três grupos pressionam o Brasil na questão ambiental: opositores internos e radicais do presidente Jair Bolsonaro, agricultores europeus e ativistas ambientais.
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Ao citar os europeus, o vice-presidente afirmou que o grupo tenta boicotar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia por serem “incapazes de competir com os brasileiros”.
Já o último grupo, os ativistas ambientais, Mourão definiu como um “bolsão de boas intenções” que, segundo ele, “acreditam piamente na versão de que a Amazônia está sendo destruída e que isso tem reflexo no aquecimento global”.
Bioeconomia
Em indireta a executivos de grandes empresas, como bancos que têm assinado manifestos e promovido movimentos pela preservação da floresta, Mourão defendeu a construção de infraestrutura viável para atração de negócios na Amazônia.
“É a hora da turma que fala muito de Amazônia se apresentar para o jogo e colocar recursos nas mãos de empresas que se instalem lá para desenvolver a bioeconomia”, disse.
O vice também comentou sobre investimento na bioeconomia ao ser perguntado sobre o futuro da Zona Franca de Manaus. Segundo ele, o polo industrial triunfou, mas, agora precisa “dar o passo seguinte”.
“À medida que a Amazônia for mais integrada e com ambiente de negócios mais desenvolvido, haverá desmame do incentivo fiscal para a Zona Franca de Manaus”, disse.
Mercosul
Durante o debate, Mourão também fez críticas à Argentina enquanto parceiro do Mercosul e à condução da pandemia no país vizinho. Reclamando de atrasos para a renovação de licenças de importação, o vice disse que o comportamento do governo argentino em relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia faz parecer que o “grande esforço de negociações no ano passado começa a fazer água”.
Em relação a pandemia, ele afirmou que o país começa a conviver com taxas diárias de infecção perigosas. “Oito mil casos por dia na Argentina equivalem a 40 mil no Brasil”, comparou.
Com informações do Valor