
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quinta-feira (5) o depoimento de Airton Antonio Solig, empresário e ex-assessor do Ministério da Saúde. Conhecido como Airton Cascavel, ele disse que, em momento algum, participou de negociações sobre compra de vacinas.
O depoente esclareceu que tal tarefa era de competência exclusiva da secretaria-executiva. Segundo Cascavel, o foco dele era totalmente voltado ao atendimento de prefeitos, governadores e parlamentares, que tentavam defender interesses de suas cidades e estados num momento de grave crise sanitária.
Indagado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre seu relacionamento com o coronel Marcelo Blanco, a testemunha disse que esteve com o militar apenas duas vezes, logo que chegou ao ministério e no bandejão, sendo que não chegaram a trocar uma palavra.
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Cascavel diz que não lhe cabe avaliar contratação de militares no MS
Renan Calheiros (MDB-AL) quis saber se Airton Cascavel concorda com o fato de o ex-ministro Eduardo Pazuello ter levado para o Ministério da Saúde 60 militares sem formação técnica para cuidar da pandemia. O depoente disse que nomeações não diziam respeito a ele e que não lhe cabe avaliar. Cascavel afirmou ainda que os profissionais do ministério têm competência para ocupar os cargos e ressaltou que a análise não pode ser feita “com base na farda”.
‘Achei que era um aparelho russo’, afirma Cascavel sobre TrateCov
Perguntado sobre o TrateCov, Airton Cascavel disse que não teve interesse nem conhecimento sobre o assunto e pensou inicialmente tratar-se de um aparelho russo. A testemunha não soube dar detalhes sobre o aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde para médicos e enfermeiros com orientações e protocolo de tratamento contra a covid-19. À CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello disse que a plataforma digital foi alvo de ataque de hackers e nem chegou a ser lançada.
Depoente confirma reunião de Braga com Pazuello sobre crise em Manaus
Airton Cascavel confirmou que, no dia 16 de dezembro de 2020, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) esteve reunido com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para expor o prenúncio da crise de oxigênio no Amazonas. Segundo o depoente, o parlamentar sugeriu uma série de medidas que poderiam ser tomadas, como a ampliação de leitos e o envio de insumos ao estado.
“O ministro Pazuello não pode alegar desinformação do que estava acontecendo em Manaus”, argumentou Braga.
Cascavel disse que alertou Saúde para segunda onda em Manaus
Airton Cascavel disse que esteve duas vezes em Manaus e alertou os técnicos do Ministério da Saúde para o risco de recrudescimento da pandemia no início deste ano. Segundo o ex-assessor, a pasta desenvolveu um plano para o enfrentamento da covid-19 e enviou cerca de 90 respiradores para o estado.
Omar Aziz (PSD-AM) lembrou, no entanto, que parte dos equipamentos não foi usada porque não contava com bombas de infusão. Segundo o presidente da CPI, houve omissão do Ministério da Saúde.
“Vocês todos cruzaram os braços. Aquela segunda onda que começa e tem falta de oxigênio poderia ter sido evitada. O grande problema foi a omissão. Com isso, tivemos o caos. Pelo recuo do lockdown. E quem fez esse recuo? Deputados bolsonaristas, o próprio presidente da República e o Ministério da Saúde, que não tinha autonomia.”
Omar Aziz
Depoente aponta politização na compra de vacinas
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-assessor do Ministério da Saúde Airton Cascavel negou disse que “houve e ainda há politização das tratativas” para a compra de vacinas. Em seguida, no entanto, o depoente afirmou que não poderia apontar de quem partiu essa politização.
Com informações da Agência Senado