
Em depoimento à CPI da Pandemia no Senado nesta terça-feira (14), o advogado Marcos Tolentino informou que não tem participação no quadro societário da empresa FIB Bank. Segundo o empresário, ele se tornou sócio em um grupo de empresas com Edson Benetti, já falecido.
O depoente disse que fez parte da Benetti Prestadora de Serviços, mas que se desligou do quadro societário há 12 anos. A partir daí, segundo Tolentino, por ter imóveis, ativos e precatórios em comum com algumas empresas dessa antiga sociedade, ele possui procuração que o ligaria ao atual sócio, Ricardo Benetti.
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Senadores apontam Tolentino e Ricardo Benetti como sócios em vários negócios
Omar Aziz perguntou ao depoente se ele é sócio da Benetti Associados em algum negócio. Marcos Tolentino afirmou que sim, citando ativos e precatórios e dizendo que possui procuração para representar algumas empresas, como a Pico Juazeiro. O senador informou que existem empresas registradas em nome da Benetti, mas que têm Tolentino como sócio. Já Renan Calheiros disse que o depoente e Ricardo Benetti não aparecem como sócios formais em nenhuma situação. O relator indicou que, em vários exemplos, “quando um sai da sociedade, o outro entra em seu lugar”. Para Renan, a ação aparenta movimentos sincronizados.
“É um tal de empresas e acionistas fantasmas”, observou.
Procurações de Tolentino têm isenção de prestação de contas, diz Eliziane
Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou que há isenção de prestação de contas nas procurações dadas por quatro empresas a Marcos Tolentino.
“Ou seja, amplos poderes sem dar nenhuma satisfação depois. Quem faz isso?”, questionou.
B2T deu amplo poderes a Tolentino
Tasso Jereissatti (PSDB-CE) informou que a B2T, de propriedade de Benetti e sua esposa, deu a Tolentino procuração pública com amplos poderes — abrir e movimentar contas, vender, comprar, alienar bens móveis e imóveis — “enfim, agir como dono da empresa e gerente”, segundo o senador.
Tolentino disse apenas que a B2T é o nome fantasia da Benetti Prestação de Serviços Ltda.
Tolentino e Benetti tinham parceria na posse de precatórios federais
Tentando demonstrar a ligação entre Marcos Tolentino e o advogado Ricardo Benetti, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) apontou que “em alguns momentos, em movimento sincronizado, quando um sai da sociedade [em diferentes empresas], o outro entra no seu lugar”.
Um dos vínculos de Tolentino com Benetti ocorreu na propriedade de precatórios federais. A esse respeito, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lembrou que o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, é um defensor do uso de precatórios em gastos públicos, como o Renda Cidadã.
Tolentino segue em silêncio sobre Benetti
Questionado pelo relator, Renan Calheiros, sobre suas atribuições na Benetti e Associados e outras perguntas relacionadas à empresa, Tolentino usou seu direito constitucional de permanecer em silêncio e mais uma vez não respondeu. Renan informou que a empresa modificou recentemente seu site para ocultar informações sobre o escritório, mas a CPI da Pandemia conseguiu uma versão antiga com os dados.
Depoente não diz quantos contratos tiveram garantia da FIB Bank
Marcos Tolentino ficou em silêncio quando questionado sobre quantos contratos públicos tiveram garantia fidejussória da FIB Bank nos últimos dois anos.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que foram quase 40 cartas de fiança fornecidas pela FIB Bank, o que dá em torno de R$ 600 milhões.
Procuração liga Tolentino a empresa sócia da FIB Bank, diz Renan
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), Marcos Tolentino disse não existir nenhuma procuração para que ele represente a FIB Bank. O relator contestou a afirmação e exibiu vídeo e documentação que indicam que, em 2011, a Benetti Prestadora de Serviços passou procuração dando poderes a Tolentino para representar legalmente uma empresa sócia da FIB Bank, a Pico do Juazeiro.
Renan destaca contribuições da CPI no combate à covid-19
Em sua fala inicial, o relator da CPI citou o que considera contribuições da CPI no combate à pandemia de covid-19. Entre elas, a aceleração da vacinação, a desconstrução do tratamento precoce, a revelação de atravessadores que negociavam vacinas e o impedimento de “esquemas”, com a exoneração de servidores públicos envolvidos.
Tolentino fica em silêncio sobre real dono da FIB Bank
Quem é o dono da FIB Bank? Diante da questão, Marcos Tolentino disse que ficaria em silêncio. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e outros senadores, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), encadearam uma série de perguntas sobre as empresas de Tolentino e sua atuação como advogado. Ele admitiu que seu escritório de advocacia funciona no mesmo prédio de outras empresas sob suspeita dos parlamentares, entre elas a MB Guassu, que integralizou capital de R$ 7 bilhões para a FIB Bank a partir de um terreno.
“Em outras palavras, vossa senhoria não pode revelar quem é o verdadeiro dono da FIB Bank”, apontou Tasso.
Depoente diz não saber se telefone da Benetti é o mesmo da FIB Bank
Sobre os telefones da FIB Bank serem atendidos no mesmo endereço da Benetti, em São Paulo, Marcos Tolentino disse não conhecer a situação para poder falar. Explicou que seu escritório jurídico fica no mesmo prédio da empresa desde quando começou, em 2016, a união para a aquisição de ativos para a sociedade com a Benetti.
Tolentino afirma que não é amigo pessoal de Bolsonaro
Marcos Tolentino afirmou ter conhecido Jair Bolsonaro quando o presidente da República ainda era deputado federal. Segundo ele, os dois estiveram juntos em encontros “meramente casuais”.
Em relação ao filhos do presidente, Marcos Tolentino afirmou conhecer o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de eventos políticos e sociais. Tolentino disse não conhecer Jair Renan Bolsonaro.
O depoente também afirmou ter conhecido o deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, há muitos anos, em Curitiba.
Depoente alega que estava na UTI durante negociação da Covaxin
Marcos Tolentino alegou que estava lutando pela vida no período das negociações da compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde, e que jamais representou a Precisa.
“Sou um sobrevivente, mesmo. Eu me encontrava internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês. Fui intubado, extubado, fiquei quase 90 dias lá. Tive duas paradas cardíacas, infecção generalizada em todo esse período: fevereiro, março, abril, tendo que reaprender a andar depois, em estado de coma… Pessoas com quadro semelhante tiveram 2% de chance, e por Deus eu consegui sobreviver”, afirmou.
Tolentino nega ter recebido Pazuello e dono da Precisa para falar de vacina
Sobre um jantar em sua residência noticiado pela imprensa, Tolentino disse que nunca recebeu o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, nem Francisco Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, para tratar de vacina ou consórcio Covaxin.
Acompanhado por médico, Tolentino fala à CPI
Depois de faltar alegando problemas de saúde, Marcos Tolentino veio ao Senado acompanhado por médico. Questionado por Omar Aziz (PSD-AM), ele confirmou que compareceu à CPI na reunião em que o colegiado ouviu o deputado Ricardo Barros. Tolentino fez o juramento se comprometendo a dizer a verdade quanto aos fatos de que tem conhecimento.
Com informações da Agência Senado