
O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica (2010-2015) anunciou sua retirada definitiva da política do país por conta de uma doença imunológica crônica, informou aos jornalistas nesta segunda-feira (28). O político da Frente Ampla de esquerda, eleito senador em 2014, em seu último ano na Presidência, vai cumprir o mandato até outubro e depois se aposentar.
“Eu amo a política e não queria ir, mas amo ainda mais a vida. Preciso administrar bem os minutos que me restam”, disse Mujica ao deixar no domingo a seção eleitoral em que votou nas eleições regionais uruguaias. “É claro que a política obriga a ter relações sociais e tenho que me cuidar, não posso ir de um lado para outro por causa da pandemia e isso seria algo ruim para um senador”.
O ex-presidente revelou que, por conta da doença imunológica, não poderá tomar uma vacina contra a Covid-19 quando esta for disponibilizada.
Em 2018, quando anunciou que deixaria a política, Mujica disse em uma carta estar “cansado da longa viagem” e que iria se “refugiar na aposentadoria”, embora tivesse declarado também que jamais iria “renunciar à solidariedade e à luta de ideias”.
Mujica, que tem 85 anos, tem uma longa carreira política e militante, sendo que durante a sua juventude, ele fez parte da guerrilha dos Tupamaros que lutava contra a ditadura militar no país – o que lhe rendeu 13 anos de prisão, sendo libertado apenas após o fim do regime.
No poder, acabou ficando conhecido mundialmente por sua postura e vida simples – até hoje, ele se locomove com um velho fusca azul – e por ter um governo mais progressista, com a descriminalização do aborto e com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, doou grande parte de seu salário na Presidência por considerar que no Uruguai “vivem muitas pessoas pobres”.
Esquerda mantém governo de Montevidéu
Nas eleições regionais de domingo, a Frente Ampla conseguiu manter apenas três dos seis governos departamentais que controlava, incluindo seu reduto em Montevidéu, que agora será comandado pela engenheira e ex-ministra da Indústria, Energia e Mineração, Carolina Cosse.
Das outras cinco regiões que controlava, saiu vitoriosa em apenas duas: Canelones, o segundo departamento (estado) mais populoso do país depois da capital, com mais 500 mil habitantes, e Salto.
A Frente Ampla recebeu 51,66% dos votos em Montevidéu, contra 39,68% da coalizão de centro-direita que conquistou o governo nacional nas eleições de 2019, de acordo com os dados oficiais do Tribunal Eleitoral, que concluiu a apuração na madrugada desta segunda-feira.
Com informações do jornal O Globo e ANSA