
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teria uma reunião de emergência com representantes da saúde para discutir a falta de medicamentos para intubação de pacientes no domingo (21). Porém, de acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo, o encontro foi cancelado porque a Agência não enviou o e-mail que deveria confirmar horário e convocar os representantes para a reunião.
Segundo a coluna, a conversa foi acertada verbalmente no sábado (20) e participariam diretores da agência, representantes do Ministério da Saúde, da Indústria, do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Os participantes teriam ficado esperando o e-mail de confirmação da reunião ou mesmo um telefonema. No entanto, segundo o Consasems e o Conass, o comunicado da Anvisa não chegou.
‘Não apertou o botão de enviar’
O presidente do Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, que representa 12 fabricantes de medicamentos, afirmou que um dos diretores da Anvisa disse que estava tudo marcado e culpou uma assistente por não “apertar o botão de enviar”.
Segundo a coluna, a reunião foi remarcada para a terça (23). Enquanto isso, o Brasil vive a maior crise sanitária da história com o desabastecimento de medicamentos usados para a intubação de pacientes com Covid-19 em UTIs. Com o aumento de casos e óbitos causados pelo coronavírus, a demanda pelo “kit intubação” é maior.
O esquecimento da Anvisa gerou uma onda de indignação nas redes sociais. Em seu Twitter, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) declarou que “só um governo que tem contrato com a morte se esqueceria de mandar um e-mail tão importante”, finalizando com a afirmação: “o culpado é o governo Bolsonaro”.
Só um governo que tem contrato com a morte se esqueceria de mandar um e-mail tão importante, sobre uma reunião decisiva para a vida do seu povo. O Brasil agoniza na UTI e o culpado é o governo Bolsonaro. https://t.co/PwTXQjXZ7X
— Alessandro Molon ?? (@alessandromolon) March 22, 2021
A deputado federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse que a irresponsabilidade é “inaceitável” e que “a incompetência programada desse governo custa vidas”.
“Não é apenas incompetência, não é simplesmente negacionismo. É falta de empatia, é falta de amor ao próximo”, escreveu o parlamentar socialista Aliel Machado (PSB-PR). O deputado também afirmou que exigirá explicações e requerer documentos sobre a “falha” da Anvisa.
Inacreditável. Não é apenas incompetência, não é simplesmente negacionismo. É falta de empatia, é falta de amor ao próximo.
— Aliel Machado (@alielmachado) March 22, 2021
Vou exigir explicações e requerer os documentos da referida agenda.https://t.co/oJbOIGxMS9
Durante a tarde desta segunda (22), o assunto figurou entre os mais comentados no Twitter, aparecendo em 5º lugar nos Trending Topics do Twitter.
Responsabilidade
Estados e municípios já alertaram que os estoques estão vazios e podem acabar nos próximos dias. No entanto, na manhã desta segunda-feira (22), a Secretaria Especial de Comunicação e o Ministério da Saúde divulgou uma nota se isentando da responsabilidade de compra.
“Em relação aos medicamentos do chamado ‘kit intubação’ (IOT), cuja aquisição é de responsabilidade de Estados, Distrito Federal e municípios, o Ministério da Saúde, em reforço às ações das Unidades da Federação, monitora, de forma inovadora toda a rede SUS, semanalmente, desde setembro de 2020, a disponibilidade em todo território nacional e envia informações da indústria e de distribuidores para que estados possam realizar a requisição”, diz a nota.
Falta de oxigênio
Também no domingo, o Ministério da Saúde informou que haverá uma operação conjunta com o Ministério da Defesa para atender os dois estados a partir desta segunda-feira (22). O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac), órgão da Procuradoria Geral da República (PGR) responsável por acompanhar a pandemia, pediu na sexta-feira que a pasta tomasse providência porque a previsão era de desabastecimento do produto na quarta-feira (24).
A alta de internações por Covid-19 está provocando aumento da demanda de oxigênio.
De acordo com a resposta enviada ao Giac, serão distribuídos pelo governo 5,4 mil metros cúbicos dia de oxigênio. A entrega será feita inclusive nos fins de semana. O oxigênio será transportando em isotanques embarcados em aeronaves do Ministério da Defesa partindo de Manaus (AM) para os dois estados. O documento enviado ao órgão é assinado pelo assessor especial do Ministério da Saúde, Ridalto Fernandes.
Com informações da Folha de S. Paulo