
O general Julio Cesar de Arruda, indicado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando do Exército, toma posse antecipadamente nesta sexta-feira (30). A definição ocorrerá dois dias antes da cerimônia de posse de Lula, em 1º de janeiro.
A antecipação não é por acaso: o rearranjo da data coincide com o aumento da pressão de autoridades responsáveis pela segurança pública para acabar com a aglomeração de bolsonaristas nas cercanias do Quartel-General do Exército, em Brasília, informa o jornal O Estado de S.Paulo.
Existe também a possibilidade de antecipação da posse do novo titular da Marinha. Assim, o comandante de esquadra Almir Garnier Santos entregaria a pasta para Marcos Sampaio Olsen na quarta (28) ou quinta-feira (29).
Somente na Aeronáutica a troca será feita após a posse de Lula. No dia 2 de janeiro, o brigadeiro Baptista Junior, considerado o mais bolsonarista dos comandantes das forças, dará lugar a Marcelo Kanitz Damasceno. Em conversa com os futuros comandantes das Forças Armadas, Lula pediu que ainda em janeiro eles entreguem um diagnóstico sobre o aparelhamento feito por Bolsonaro entre os militares da ativa.
A expectativa no entorno de Lula é que, com a troca no comando, mude o tratamento dado aos manifestantes extremistas, já que o acampamento, em área militar, passou a ser classificado por futuros ministros já indicados como “incubadora” de terroristas e de atos violentos.
Leia também: “Acampamentos viraram incubadoras de terroristas”, diz Flávio Dino
A afirmação se dá pela tentativa de atentado terrorista contra o Aeroporto Internacional de Brasília na véspera de Natal. O responsável pelo frustrado ataque, George Washington de Oliveira Sousa, queria que a explosão provocasse a decretação de estado de sítio e uma intervenção militar para impedir a posse do petista.
Um largo esquema de segurança para a posse já estava montado. O evento prevê 61 atrações de peso da música brasileira, além de exposições, posse de Lula no Congresso e passagem de faixa no Palácio do Planalto. Com os mais recentes episódios, as medidas estão sendo revistas, como avisou o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), já no dia do atentado frustrado.
Atentado contra Lula e tensão
Ao ser preso, George Washington confessou que estava planejando um atentado para o dia da posse de Lula. No apartamento alugado por ele, no Sudoeste, região nobre de Brasília, foi encontrado um arsenal de armas, avaliado em cerca de R$ 160 mil.
Além do episódio no aeroporto, no dia 23 de dezembro, a polícia foi acionada após uma ameaça de bomba em um ônibus na região central, na Asa Sul. No dia 25, diversos explosivos — totalizando cerca de 40 kg —, foram encontrados no Gama, região a cerca de 40 km do centro.
Já no dia 12 de dezembro, militantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das eleições começaram os atos na cidade. Tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF), no começo da Asa Norte, área nobre de Brasília. Eles atearam fogo em carros, ônibus, quebraram uma delegacia, entre outros atos de vandalismo.