
Derrotado na queda de braço sobre o uso da vacina contra a Covid-19 no país, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a usar o palanque para acenar contra a democracia brasileira.
Na segunda-feira (18), depois de “lamentar” a aprovação das vacinas Coronavac e de Oxford pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o presidente afirmou que “quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas”. A reação à ameaça presidencial foi imediata entre lideranças do PSB e outros nomes da política nacional.
“Pressionado por sua péssima gestão, Bolsonaro responde ameaçando a democracia. O que ele não responde é: quando todos seremos vacinados? Quando teremos um ministro da Saúde de verdade?”, questionou o líder do partido na Câmara, Alessandro Molon (RJ).
“Apesar de você” é novo hit
O deputado socialista voltou a defender o imediato afastamento do presidente ao afirmar que o presidente brasileiro é o “responsável por uma das piores respostas à pandemia em todo o mundo”. “Apesar da vacina não, Bolsonaro! Apesar de VOCÊ, nós temos vacina!!! Apesar de VOCÊ, amanhã há de ser outro dia!”, escreveu o parlamentar em seu perfil no Twitter.
“Desqualificado”
Sem rodeios, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), definiu o comportamento do mandatário. “Depois de demonstrar mais uma vez a sua incompetência para presidir a República, Jair volta a ameaçar a democracia. Desqualificado e despreparado”.
Novo flerte com o autoritarismo
Em resposta ao presidente, Denis Bezerra (PSB-CE) recordou os pilares da democracia. “Mais uma vez o presidente Bolsonaro flerta com o autoritarismo e ameaça os brasileiros! Apenas na democracia, onde o povo é soberano, que é possível avançar na construção de um país mais justo com igualdade e liberdade para todos. #ForaBolsonaro”, defendeu o deputado.
Riscos às instituições
Camilo Capiberibe (PSB-AP) afirmou que as novas declarações do presidente se somam aos riscos da postura negacionista e criminosa de Jair Bolsonaro. “Nossas instituições estão enfraquecidas, basta saber se sobreviverão…”, comentou.
“Vamos ao que interessa…”
Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) listou as inúmeras pendências do governo ao repercutir a fala do ex-capitão. “Tá bom. Agora vamos ao que interessa:
1) Oxigênio para Manaus; 2) Contratar mais doses de vacina para imunizar logo todos os brasileiros; 3) Recuperar a economia para gerar empregos”, enumerou.
Consequências jurídicas
Companheiro de Bancada, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) recordou as consequências jurídicas de acenos como os feitos por Bolsonaro. “Quem decide pela democracia é o Povo, que o fez ao dar fim à ditadura militar. Forças Armadas limitam-se a cumprir o ordenado pelo Poder Civil. A entusiastas da sedição chavista: a Lei de Segurança Nacional reserva até 30 anos de cadeia para aventuras do gênero”, lembrou.
Bangu 8 à espera
Integrante do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (RS) apontou um possível futuro para a família presidencial. “Bolsonaro covarde ameaça a democracia com suposta relação com as Forças Armadas. A relação dele e da famiglia é com as milícias. O futuro da quadrilha será Bangu 8. Não acredito que ele tenha respaldo de oficiais honestos. Em pleno século XXI militares apoiando crime organizado?”, indagou.
Críticas a Bolsonaro partiram até do Centrão
Fábio Trad (PSD-MS) chamou de necrofilia a nova ameaça do mandatário. “Ao dizer que democracia e ditadura dependem da decisão das Forças Armadas, indago: Bolsonaro quis dizer que cabe a ele, comandante supremo das Forças Armadas, o poder de fulminar com a nossa democracia? Em vez de estar celebrando a vacina, prefere cortejar a ditadura. Necrofilia!”, resumiu o deputado.
“Ameaças rídículas”
Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) afirmou serem “ridículas” as novas ameaças bolsonaristas. “É o povo, por intermédio dos poderes constitucionais, quem decide o papel das Forças Armadas. A mim essas ameaças ditatoriais ridículas não assustam”, declarou.