
O ex-coordenador da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol decidiu abandonar o Ministério Público. Não por conta das denúncias de irregularidades envolvendo seu nome no curso da operação. Ele está de olho em uma vaga na Câmara dos Deputados, de acordo com a jornalista Eliane Catanhêde, do Estadão.
Assim como Sérgio Moro que, após a fama conquistada, deixou a magistratura para compor o governo Jair Bolsonaro e agora trabalha para viabilizar seu nome para concorrer ao Senado.
Dallagnol viveu dias de glória da maior operação de combate à corrupção da história do país. Mas as condutas tanto do agora ex-procurador como a de Moro na condução da Lava Jato têm sido condenadas após divulgação de mensagens entre os dois pelo The Intercept Brasil. Dallagnol foi censurado pelo Conselho Nacional do Ministério Público e processos correm na Justiça por conta de irregularidades no processo.
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O powerpoint de Dallagol
Sua imagem mais controversa é a do powerpoint em que apontava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como chefe de uma organização criminosa instalada no poder para desviar dinheiro público.
A apresentação, inclusive, levou a defesa de Lula a entrar com uma representação contra o procurador no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Em agosto do ano passado, o CNMP reconheceu a prescrição da representação e a arquivou. A maioria dos conselheiros, no entanto, reconheceu que o uso do PowerPoint teve objetivos políticos e midiáticos.
Dobradinha com Moro-Dallagnol?
Dallagnol é formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná e tem mestrado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Entrou para o MP do Estado em 2003, após ficar em primeiro lugar no concurso público. A expectativa é de que se filie ao mesmo partido escolhido por Moro para disputar as eleições do próximo ano, o Podemos, liderado pelo senador Alvaro Dias, também do Paraná, como ambos.
A vontade de entrar para a política não é nova, mas Dallagnol sempre era desencorajado pelos próprios colegas da Lava Jato, que temiam a repetição do que ocorreu na Itália, onde a Operação Mãos Limpas foi trucidada depois que um dos seus principais mentores e coordenadores desviou para a política.
Agora, com o esvaziamento progressivo e o fim da Lava Jato, esse argumento deixa de existir e o que tanto Moro quanto Dallagnol têm dito em seus contatos políticos é que a prioridade deles é resgatar os méritos e êxitos da Lava Jato para a história.
Com informações do Estadão e da Fórum