
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Cineastas, produtores, distribuidores, artistas e técnicos do setor audiovisual brasileiro denunciaram nesta quarta-feira, 4 de setembro, a situação de “calamidade” a que, segundo eles, o setor está sujeito com as políticas desenvolvidas no governo de Michel Temer e aprofundadas no governo de Jair Bolsonaro. Eles pediram ajuda a parlamentares da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados para encontrar uma solução política para uma regulação legal que promova a continuidade da produção e distribuição do audiovisual para o público brasileiro.
Autora do requerimento para a realização da audiência pública da comissão, a deputada socialista Lídice da Mata (BA) informou que já levou as demandas do setor audiovisual ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia e afirmou não ter dúvidas de que a Casa dará uma resposta positiva a essa demanda.
Na justificativa para a audiência, a parlamentar destacou fatos desencadeados pelo governo federal que estão prejudicando o setor. Como a exclusão de cineastas brasileiros da nova composição do Conselho Superior do Cinema – responsável por formular políticas públicas para o setor audiovisual nacional –, que passou a ter parte dos seus assentos constituído por representantes de gigantes das telecomunicações e de conglomerados internacionais; e as novas regras para a Lei de Incentivo à Cultura, determinando que o valor máximo por projeto incentivado cairá de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão, com teto de R$ 10 milhões anuais para os proponentes com até 16 projetos ativos.
O setor audiovisual e cinematográfico brasileiro injeta mais de R$ 25 bilhões diretos por ano na economia e é formado por mais de 13 mil empresas. Só de bilheteria, os filmes nacionais movimentaram cerca de R$ 300 milhões em 2018.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
“A indústria cinematográfica ajuda a impulsionar e economia criativa como um todo, com mais de 300 mil empregos diretos e indiretos que vão desde atores, figurinistas, produtores e diretores, até profissionais de bilheterias, vendedores de lanches e pequenos comércios nos locais onde são realizadas as gravações”
Lídice da Mata
Durante a audiência pública, o representante da Associação Brasileira de Cineastas, Daniel Caetano, defendeu a regulação clara do audiovisual, como existe em todos os países desenvolvidos. Ele afirmou ainda que o Fundo Setorial do Audiovisual tem recursos, mas esbarra nos entraves colocados pelo governo.