
Foto: Pixabay
A pandemia da Covid-19 acelerou a digitalização da sociedade, tanto em questões pessoais, quanto na esfera profissional. Com os grandes centros fechados, o home office (trabalho remoto) se tornou uma realidade para empresas de diversos portes. No entanto, a continuidade deste regime de trabalho no cenário pós-pandemia não é tão certa como muitos sugeriam há alguns meses.
Big Techs do Vale do Silício (Califórnia-EUA), outrora principais entusiastas desta modalidade, têm mudado políticas de trabalho remoto e voltam a querer o funcionário cumprindo expediente dentro da empresa. Os sinais de um desgaste estão evidentes em comunicados emitidos por CEOs de empresas como Google, Amazon, Twitter e Microsoft aos funcionários, conforme relata matéria publicada pela BBC.
Leia também: Home office deixa funcionário à mercê do empregador, diz ministro do TST
De maneira protocolar, as gigantes de tecnologia informam que funcionários que queiram seguir no regime de trabalho remoto precisão fazer um pedido formal às empresas. Os comunicados reforçam, ainda, ser desejável que parte do trabalho ocorra presencialmente, isto é, nos tradicionais escritórios.
Para Google, home office só por duas semanas
No comunicado emitido pela CEO da Google, Fiona Cicconi, dois avisos importantes: a volta ao presencial será adiantada para 1o de setembro e home office só poderá ser realizado por até 14 dias. Caso o funcionário deseje estender por mais tempo, vai precisar fazer um pedido à companhia e passará por uma avaliação dos supervisores.
O mesmo comunicado é claro em afirmar que, caso haja autorização para o trabalho remoto, ele será por um período mais curto. Deste modo, é necessário que os funcionários “vivam a uma distância que os permita se deslocar” até aos escritórios, ou seja, “nada de coquetéis na praia com um laptop”.
De “trabalhe de qualquer lugar” ao regime híbrido
Em maio de 2020 o CEO do Twitter, Jack Dorsey, enviou um e-mail aos funcionários informando que eles poderiam trabalhar de casa, mesmo após a quarentena. A informação causou burburinho no mundo empresarial.
Na mesma linha, a chefe de recursos humanos da empresa disse acreditar que o Twitter não voltaria ao regime presencial após experimentar uma rotina 100% remota.
O Twitter foi uma das empresas a revisar as declarações sobre o home office como regime ideal. Nesse sentido, Dorsey esclareceu que espera que a maioria dos funcionários possam trabalhar parte do tempo em casa, mas sem deixar de ir ao escritório.
Se as declarações do Twitter são vagas, as da Microsoft colocam percentuais. No entanto, isso não muda muito sobre como esclarecer a dúvida em relação ao que seria um regime híbrido. A empresa prevê que “trabalhar em casa parte do tempo (menos de 50%) será o padrão para a maioria dos empregos”.
Presença em escritório permite interação
Porém, as definições do que seria um regime de trabalho flexível tem se mostrado muito diferente entre as empresas. O comunicado da Amazon é, talvez, um dos mais claros.
“Nosso plano é retornar a uma cultura centrada no escritório como padrão. Acreditamos que isso nos permite inventar, colaborar e aprender juntos de forma mais eficaz.”
É possível que um dos pontos observados para essa mudança de política seja a dificuldade de se estabelecer acordos para o trabalho em casa.
O CEO da IBM, Arvind Krishna disse que excluir a interação dos escritórios pode ser prejudicial para o crescimento profissional.
“Quando as pessoas trabalham remotamente, fico preocupado com a trajetória de suas carreiras. (…) Se eles querem se tornar gerentes, se eles querem ter mais e mais responsabilidades ou se eles querem construir uma cultura dentro de suas equipes, como faremos isso remotamente?”
Home office já perde espaço no Brasil
Entre novembro e outubro do ano passado houve uma redução de 260 mil pessoas no total de trabalhadores brasileiros que estava em regime de trabalho home office. Os números foram divulgados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea) em fevereiro deste ano. Ainda de acordo com o Ipea, o perfil do trabalhador remoto no Brasil é de mulher branca.
Em novembro, 57,8% das pessoas em trabalho remoto eram mulheres e 65,3% eram de cor branca. Além disso, a pesquisa também indicou que 76% tinham nível superior completo e 31,8% idade entre 30 e 39 anos.
Em relação ao setor, há um predomínio de trabalhadores do setor privado. Do total dos brasileiros em trabalho remoto em novembro do ano passado, 4,48 milhões pertenciam ao setor privado, enquanto 2,85 milhões deles ocupavam funções no setor público.
Com informações da BBC Brasil e da Agência Brasil