
Nesta segunda-feira (11), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que pedirá explicações à Ford sobre sua decisão de fechar suas fábricas e encerrar a produção de veículos no Brasil, o que deve levar à demissão de cerca de 5 mil trabalhadores.
De acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo, somente as 20 maiores operações do BNDES com a Ford somaram cerca de R$ 3,5 bilhões em linhas de financiamento desde 2002. Os projetos tinham foco em exportação, desenvolvimento de veículo e apoio a projetos sociais na comunidade. Ao todo, desde 1999, a Ford recebeu cerca de R$ 20 bilhões em incentivos fiscais, de acordo com estimativas da Receita Federal.
Operações ativas
Segundo o BNDES, entre as operações diretas feitas com a Ford, ainda há duas operações ativas. Por isso, o banco já procurou a empresa para pedir esclarecimentos.
“O BNDES soube pela mídia do fechamento das fábricas, procurou a empresa para pedir esclarecimentos. O Banco aguarda informação oficial para avaliar os impactos da eventual decisão nos projetos financiados”.
“Os projetos financiados junto à Ford, bem como outros financiados pelo BNDES no antigo Programa BNDES Proengenharia, trouxeram como externalidade a capacitação local da engenharia para atuação da indústria em nível internacional. Todos os contratos diretos do BNDES dispõem de cláusulas-padrão relacionadas à manutenção do emprego em razão da implantação do projeto”, explicou o banco em nota.
Em 2014, a montadora recebeu, por exemplo, R$ 195,4 milhões para criar, desenvolver e produzir o novo Ka na fábrica da empresa em Camaçari. Nesse caso, os recursos foram contratados pelo programa voltado para inovação de máquinas.
Ford recebeu financiamentos em série
Desde os anos 2000, a montadora vem recebendo financiamento para permitir embarques, prática comum no setor. Em 2005, a montadora recebeu crédito de US$ 250 milhões, com compromisso de exportação de, no mínimo, US$ 834 milhões na ocasião.
Em 2008, quando recebeu empréstimo de R$ 78 milhões para desenvolver seu Programa de Apoio à Engenharia Automotiva em Camaçari, a empresa precisou garantir que iria manter a mão-de-obra qualificada em seus quadros na Bahia, como os 1.050 engenheiros envolvidos no desenvolvimento e engenharia de produtos.
Com informações do jornal O Globo