
Por Plinio Teodoro
Após mentir ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, na noite desta quarta-feira (4), Jair Bolsonaro (sem partido) divulgou em suas redes um inquérito sigiloso ainda não concluído da Polícia Federal que, segundo ele, “comprovam que o sistema eleitoral brasileiro foi invadido e, portanto, é violável”.
O inquérito sigiloso foi cedido pela PF ao deputado e relator da proposta de voto impresso na Câmara, Filipe Barros (PSL-PR), que participou do programa ao lado de Bolsonaro.
Ao divulgar o inquérito ainda não concluído, de 210 páginas, Bolsonaro ainda expôs dados de servidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro mente sobre código-fonte
Na entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro atribuiu à PF a conclusão de que o resultado das eleições de 2018 poderia ter sido fraudado.
Ele alegou ainda que o hacker conseguiu obter um código-fonte e que, com ele, poderia retirar seu nome da urna. Isso, no entanto, não procede.
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“Quando tivemos eleições em que o código-fonte esteve na mão de um hacker, pode ter acontecido tudo, [o eleitor] aperta 17 e sai nulo”, declarou. “Não tem que ter PEC mais. Dado os documentos que estão aqui, o próprio TSE tem que falar amanhã: ‘vamos blindar o sistema de hackers com o voto impresso’”, disse ainda.
O código-fonte obtido pelo o hacker, no entanto, é o mesmo que partidos e entidades conseguem acessar, conforme apontou reportagem da jornalista Patrícia Campos Mello, na Folha de S. Paulo.
“É naturalmente falso o argumento de que a posse do código-fonte é suficiente para provocar fraude. Se fosse o caso, os fiscais de partidos políticos que possuem acesso ao código-fonte nas dependências do TSE estariam fraudando eleições a torto e a direito desde o princípio, o que não é nada razoável de se assumir”, disse Diego Aranha, especialista em segurança digital.