
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi transferido do Distrito Federal para o Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, após ser diagnosticado com uma obstrução intestinal. Bolsonaro passou por avaliações clínicas, laboratoriais e de imagem e, inicialmente, permanecerá internado “em tratamento clínico conservador”, segundo informado pelo hospital.
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O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que transportou o presidente decolou de Brasília às 17h30, horário local, e chegou a São Paulo pouco antes das 19h. A transferência para a capital paulista foi feita para a realização de uma possível cirurgia de emergência, que ainda não está confirmada.
A chegada da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) móvel que conduziu o presidente até a base aérea onde ele irá embarcar para a capital paulista aconteceu por volta das 17h, no Distrito Federal. Cerca de dez carros batedores fizeram a escolta da ambulância que levou Bolsonaro.
Bolsonaro fala em “mais um desafio”
Nesta quarta-feira (14), , nas redes sociais, o presidente atribuiu a nova internação ao ataque à faca sofrido em 2018, durante a campanha eleitoral. O momento foi definido por Bolsonaro como “mais um desafio” gerado pelo episódio. As postagens foram feitas nas redes do presidente por volta das 16h, cerca de uma hora antes dele ser transferido na UTI móvel em direção à base aérea.
Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL [Adélio Bispo], braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia
Perfil de Bolsonaro no Twitter
Apesar da associação feita por Bolsonaro, o PSOL é um partido que foi criado no ano de 2005, não sendo um “braço” do PT. Fundadores do PSOL foram expulsos do PT e fizeram oposição a governos petistas.
Desde a facada, em setembro de 2018, o presidente foi submetido há cerca de 6 cirurgias para refazer alças intestinais e diversos órgãos afetados pela facada. O presidente tem sofrido com intercorrências deste episódio e a última cirurgia a qual Bolsonaro foi submetido ocorreu em setembro de 2020.
A suspeita inicial sobre os soluços que Bolsonaro sentia há cerca de 10 dias era que fossem reflexo de uma cirurgia dental. Desde as 4 horas da manhã de hoje, a contração involuntária dos músculos do abdômen fizeram com que o presidente não conseguisse respirar. Nos últimos dias, o presidente também não tinha conseguido dormir por conta dos desconfortos.
Os detalhes foram divulgados pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), em entrevista à CNN na saída da sessão de hoje da Comissão Parlamentar de Inquérito. Ainda de acordo com o filho de Bolsonaro, o presidente seguiu para o hospital, foi submetido a uma endoscopia e, na sequência, foi optado pela transferência de Brasília para São Paulo.
Bolsonaro não dormia direito
O agravamento do estado de saúde de Bolsonaro acontece dentro de um contexto em que avança a pressão sobre a gestão federal, mediante as investigações da CPI da Pandemia, no Senado.
O senador Flávio confirmou a repórteres na tarde de hoje que o pai apresentava dificuldades para falar. A condição foi atribuída ao estresse que o presidente tem passado nas últimas semanas.
“Se dedicasse mais a dormir bem, porque ele não dorme bem. É só ele fazer uma pequena mudança nos seus hábitos alimentares e na sua rotina. Sob os cuidados médicos, muito em breve estará 100%.”
Flávio Bolsonaro, senador
Para o senador, o estresse pode ter sido um fator importante. “Você conhece alguma função mais estressante que presidente da República, ainda mais se tratando de Bolsonaro? É difícil, mas ele está dando o melhor que pode para o país.”
Hamilton Mourão está fora do Brasil
Primeiro na linha sucessória da Presidência da República, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) voltará ao Brasil somente no domingo (18).
O avião no qual Mourão e a comitiva viajam fez no fim da noite desta quarta-feira (15) uma parada técnica na cidade de Praia, em Cabo Verde, para reabastecimento de combustível. O vice-presidente deixou o país já sabendo do estado de saúde de Bolsonaro. Ele seguiu em missão designada pelo presidente e embarcou no fim da tarde desta quarta-feira. O retorno de Mourão, saindo de Luanda, está marcado para o sábado à noite, com chegada ao Brasil na manhã de domingo.
Próximo da linha sucessória é Arthur Lira
Com Mourão fora do Brasil, o próximo na linha sucessória é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ele, no entanto, é réu em ação penal por suposto recebimento de propina, mas não há consenso jurídico de que sua posse à presidência da República esteja inviabilizada.
Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter fixado entendimento de que réus em algum processo não podem ocupar o Planalto, mesmo que em substituição momentânea do presidente, a defesa de Lira afirma que ele aguarda o julgamento de recursos e, na falta de uma decisão final, não poderia ser considerado réu.
A Constituição, em seu artigo 80, prevê que em caso de impedimento ou vacância do cargo, o presidente deve ser substituído. Em janeiro de 2019, Mourão estava no Brasil e assumiu a presidência enquanto Bolsonaro estava inconsciente após realizar uma cirurgia para tratar das sequelas da facada que sofreu durante a campanha das eleições de 2018. Quando o presidente acordou, ele retomou o comando e passou a despachar do hospital.
Com informações do Uol e CNN Brasil