
O Brasil voltou ao mapa da fome durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), 11,9 milhões de pessoas estão desempregadas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e quase 666 mil mortos por covid. Mas a prioridade do atual ocupante do Palácio do Planalto é favorecer seus aliados.
Com o discurso negacionista que permeia seu governo, Bolsonaro retirou R$ 89,8 milhões que deveriam ser destinados para reduzir os impactos da pandemia em comunidades pobres do país para comprar 247 tratores, de acordo com a Folha. Os tratores, aliás, viraram um símbolo da compra de apoio político do atual governo.
Embora tenham sido comprados pelo Ministério da Cidadania para uso em ações na zona rural onde vivem famílias em extrema pobreza, a compra burlou determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) que, em junho, autorizou que sobras do orçamento do Bolsa Família e do Auxílio Brasil fossem liberadas.
Mas o dinheiro, ainda de acordo com a reportagem, deveria “ser direcionado exclusivamente ao custeio de despesas com enfrentamento do contexto da calamidade relativa à pandemia de covid-19 e de seus efeitos sociais e econômicos e que tenham a mesma classificação funcional da dotação cancelada ou substituída”.
Como o Bolsonaro se comporta como se não devesse cumprir leis e determinações legais, como qualquer brasileiro, a decisão do TCU foi ignorada e os 247 tratores foram comprados no final de 2021.
Técnicos da pasta tem feito duras críticas às aquisições, de acordo com a Folha, feitas sem nenhum critério técnico. Isso porque a compra foi feita sequer de a pasta definir a relação de municípios beneficiados.
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O alto preço do desemprego
Enquanto o dinheiro é público é torrado em tratoradas, a população mais pobre é quem paga o maior preço. Como Alisson Lima, 21 anos, que vende pipoca em um semáforo de Brasília e apresenta um cartaz para reforçar a necessidade: ‘preciso comprar alimentos’.
Ele está há mais de dois anos sem emprego e contou ao portal Metrópoles o esforço diário para tentar garantir o pão de cada dia.
“Tem gente que pega meu celular, fala que vai arrumar emprego para mim, mas nunca chama. Mas eu não perco a esperança, né? Tem que correr atrás”, disse o jovem enquanto aguardava o sinal abrir.
Ele faz parte da triste constatação do IBGE de que, assim como Alisson, 3,4 milhões de brasileiros buscam um emprego há mais de dois anos.
O aluguel da casa de Alisson, que trabalha desde o 12 anos, é dividido com a tia, primos e irmãos, que assim como ele, trabalham em subempregos.
Antes de ir vender pipoca no sinal, o jovem trabalhava em um hortifrúti, que fechou durante a pandemia e, desde então, não conseguiu nenhum outro emprego.
“Resolvi vir pro sinal vender pipoca porque estou necessitando. Às vezes, não tinha nada para comer dentro de casa”, afirma.
Rotina pesada
Ele vive uma rotina pesada e muito comum nas grandes cidades. Sai de casa às 5h e faz o percurso de 47 quilômetros de Jardim Ingá (GO), na região do Entorno do DF, até o centro de Brasília, onde chega por volta das 6h.
Em um bom dia de serviço, consegue entre R$ 70 e R$ 80. Então, ele usa R$ 20 para comprar a mercadoria e R$ 12 para pagar a passagem de ônibus. Com isso, recebe em torno de R$ 40 por dia, que não dá para garantir nem as próprias refeições.
“Eu só como quando chego em casa. Trabalho aqui o dia todo, mal tomo café, como um pão de queijo — isso quando como”, contou ao Metrópoles.