
No Roda Viva dessa segunda-feira (7), a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz afirmou que o governo Bolsonaro está ‘sequestrando as pautas democráticas’ e corroendo as instituições do Estado. Segundo ela, o presidente Jair Bolsonaro é o próprio golpe.
“Jair Bolsonaro não precisa de um golpe, porque ele está corroendo nossas instituições por dentro. Ele é o golpe. Muito interessante os brasileiros terem acreditado numa miríade de nova política, quanto tínhamos na frente uma velhíssima política”, observou.
Como exemplo, Lilia citou a escolha do presidente para a direção da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. “As populações negras no Brasil têm dupla morte. A morte física e a morte da memória. O governo Bolsonaro está sequestrando as pautas democráticas. Não só os nossos símbolos, como o verde e o amarelo, mas sequestrando as pautas, produzindo uma guerra cultural”, afirmou.
Nostalgia imaginária
A historiadora também afirmou que a nostalgia da ala militar é “imaginária” e não tem lugar. Segundo ela, o governo brasileiro cria uma imagem da ditadura militar — que foi de 1964 a 1984 no Brasil — de um passado que não existiu.
“Estamos falando de um governo que faz uma mística da ditadura, chama o golpe de democrático, como se isso existisse e chama por um passado que nunca existiu. Esse passado é criado por Jair Bolsonaro”, acrescentou.
Para Lilia, o Brasil sempre foi autoritário, por isso a eleição de Bolsonaro não pode ser encarada com surpresa e “essa mística do exército sempre fez parte dessa farsa toda”.
Ela ainda que afirma houve uma tentativa do governo Bolsonaro em usar a pandemia do coronavírus para fins ideológicos e para fortalecer a visão do Executivo.
“Uma tentativa de usar a pandemia para fins ideológicos, políticos, isso sempre acontece. O problema é o uso que faz. O uso que Bolsonaro faz do auxílio emergencial, quando sabemos que a principio era contra o auxílio, o uso que ele faz no sentido de impor um medicamento cuja validade não é comprovada…”, ressaltou.