
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue internado sem previsão de alta no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, mas mantém a evolução clínica “satisfatória”, segundo último boletim divulgado pelo Palácio do Planalto. Bolsonaro passou por um procedimento médico com a colocação de uma sonda nasogástrica para a retirada do líquido acumulado no estômago, que já foi retirada. Os médicos planejam iniciar a alimentação nesta sexta (16).
“O senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, segue internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, mantendo evolução clínica satisfatória. Desta forma, foi retirada a sonda nasogástrica e planeja-se o início da alimentação para amanhã. O presidente segue sem previsão de alta hospitalar”.
Hospital Vila Nova Star
Bolsonaro está internado desde ontem no Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, para tratar uma obstrução intestinal. Os médicos estudam a necessidade ou não de uma cirurgia.
O primeiro boletim médico, divulgado na noite de ontem, informou que Bolsonaro estava internado para “tratamento clínico conservador” para os problemas intestinais, ainda sem a previsão de cirurgia de emergência e sendo submetido a uma bateria de exames.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente, afirmou que os médicos retiraram cerca de um litro de líquido acumulado no intestino de Bolsonaro. Isso que teria causado, diz Eduardo, fortes dores abdominais, que fizeram com que o mandatário saísse às pressas de Brasília e viesse a São Paulo.
Seis cirurgias desde 2018
Desde a facada que sofreu durante a campanha eleitoral em 2018, Bolsonaro foi submetido a seis cirurgias para refazer alças intestinais e diversos órgãos afetados. O presidente tem sofrido com intercorrências deste episódio e o último procedimento médico ao qual Bolsonaro foi submetido ocorreu em setembro de 2020.
Na última semana, Bolsonaro aparentou estar indisposto e com crises de soluços durante entrevistas, gravações e mesmo nas suas lives semanais, às quintas-feiras. Ele sentiu dores abdominais na madrugada de ontem e foi encaminhado pela manhã para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, onde fez os primeiros exames.
A decisão de levar o presidente para a capital paulista foi do médico cirurgião Antônio Luiz Macedo, responsável pelas cirurgias no abdômen do presidente da República, decorrentes do ataque de 2018. Na manhã de qunta-feira (15), três apoiadoras do presidente, com bandeiras do Brasil e de Israel, compareceram à porta do hospital para entregar presentes a Bolsonaro.
Bolsonaro descarta nova cirurgia
Bolsonaro deu uma declaração ao programa do apresentador bolsonarista Sikêra Júnior em entrevista ao vivo na quinta-feira (15) afastando a possibilidade de uma nova cirurgia e sinalizou que poderá ter alta nesta sexta-feira (16)
“Dada a facada que eu recebi e quatro cirurgias [são seis cirurgias no total], essa obstrução [intestinal] é sempre um risco muito alto. Mas, graças a Deus, de ontem [quarta] para hoje [quinta], evoluiu bastante esse quadro. Então, a chance de cirurgia está bastante afastada”.
Jair Bolsonaro
As declarações do presidente foram corroboradas pelo cirurgião que o acompanha, Antônio Luiz Macedo.
“A cirurgia, a princípio, está afastada, uma vez que o intestino começou a funcionar e o abdome está mais flácido e mais funcionante”.
Antônio Luiz Macedo
Médicos dizem que é cedo para descartar nova cirurgia
Embora Bolsonaro tenha praticamente descartado uma nova cirurgia e sinalizado que poderá ter alta nesta sexta-feira (16), cirurgiões do aparelho digestivo ouvidos pela reportagem do jornal Folha de S. Paulo dizem que as próximas 48 horas ainda inspiram cuidados.
Segundo o cirurgião Carlos Sobrado, professor de coloproctologia da Faculdade de Medicina da USP, essas aderências (partes do intestino que ficam coladas) provavelmente são decorrentes do histórico de intervenções cirúrgicas após a facada que Bolsonaro sofreu em setembro de 2018. Sobrado explica que essas aderências, ou bridas, ocorrem com frequência em situações como facadas ou tiros, em que há derramamento de sangue e fezes no peritônio, camada que reveste o abdome. O risco aumenta com as cirurgias decorrentes.
Daí a cautela da equipe médica que assiste Bolsonaro em tentar evitar ao máximo uma nova cirurgia. A cada nova intervenção na região intestinal mais riscos ele terá de desenvolver novas aderências e obstruções no futuro.
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Diego Adão Fanti Silva, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), além da volta do funcionamento do intestino, há outros sinais que precisam ser avaliados antes de se descartar uma cirurgia. O primeiro é o chamado débito da sonda, ou seja, o volume de líquidos que está saindo pela sonda no nariz. Esses líquidos são resultantes da saliva deglutida, do muco do intestino, do suco gástrico, da bile e do suco pancreático. Eles deveriam ser absorvidos pelo intestino, mas, devido à obstrução, acabam se acumulando no estômago –e até o início da noite desta quinta estavam sendo retirados por meio da sonda nasogástrica.
O normal é sair até 500 ml a cada 24 horas de um líquido de cor amarelo claro. Em casos de obstrução, o débito é maior que 1.000 ml e escurecido.
“Quando a brida [aderência] começa a melhorar, há uma mudança quantitativa [volume diminui] e qualitativa [fica mais claro] no débito da sonda nasogástrica”.
Diego Adão Fanti Silva
Outro sinal, de acordo com ele, é o paciente conseguir comer e beber sem vomitar, e o terceiro, a eliminação de gases e fezes. “A ordem desses itens varia. Pode ser primeiro um ou outro. Quando os três estiverem presentes, deu certo o tratamento clínico”, explica o cirurgião.
Para o cirurgião do aparelho digestivo Christiano Claus, outro aliado importante é o controle da obstrução com tomografia. “Hoje com os novos tomógrafos a gente consegue com muito mais precisão e rapidez determinar esses parâmetros, se está obstruído ainda ou não”, afirmou Claus.
Mesmo internado, Bolsonaro ataca CPI
Mesmo internado em um hospital de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizou as redes sociais na quinta-feira (15) para criticar o andamento da CPI da Pandemia no Senado.
O presidente da CPI da Pandemia respondeu também pela redes. “Não quero acreditar que o presidente Jair Bolsonaro, num leito de hospital, esteja gastando energia pra atacar os senadores da CPI”, escreveu.
Presidente internado
Na quarta-feira (14), o chefe do Executivo foi internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, após sentir fortes dores e passar mal durante a madrugada. Na unidade de saúde, o presidente foi diagnosticado com uma obstrução intestinal.
Do HFA, foi transferido de avião para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, sob orientação do cirurgião gástrico Antônio Luiz Macedo, que cuida do presidente desde o atentado à faca sofrido em 2018, durante a campanha presidencial.
O último boletim médico divulgado pelo hospital paulistano informa que o quadro clínico de Bolsonaro está evoluindo “de forma satisfatória”, mas ainda não há previsão de alta hospitalar.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quinta que acompanha o estado de saúde do presidente. Segundo Queiroga, o presidente conversou com ele, demonstrou estar bem e lhe deu orientações.
Crises de soluço de Bolsonaro
Há mais de uma semana que Bolsonaro vem tendo crises de soluço e apresentando comportamento estranho, o que deu margem para especulações sobre seu real estado de saúde.
A obstrução intestinal foi constatada após a chegada, em no HFA, do cirurgião Antonio Luiz Macedo. Ele foi o responsável pelas intervenção cirúrgica após o episódio do atentado a faca que Bolsonaro sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.
Há 11 dias com soluço, Bolsonaro foi internado nesta manhã e submetido a uma série de exames HFA. A assessoria de imprensa do Planalto divulgou, por volta das 8h40, uma nota oficial confirmando que o presidente, por orientação de sua equipe médica, deu entrada no HFA, para a realização de exames para investigar a causa dos soluços.
Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem.
Nota assinada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom)
No início da tarde, o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, informou, por meio das redes sociais, que Bolsonaro “está bem” e vai ficar “apenas em observação” após realizar alguns exames.