
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu alta neste domingo (18) e voltou a desdenhar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Na porta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou quatro dias internado, disse irritado que “Brasília é paraíso de lobista, picareta”.
A irritação começou ao ser indagado por um jornalista sobre a CPI.
“CPI [inaudível]… Pelo amor de Deus, né? Já acreditar na… Olha os depoimentos lá. Olha como são tratados quem está de um lado, quem está de outro”, disse Bolsonaro.
Na sequência, ele traçou um cenário de Brasília.
“Eu já falei, repito para vocês, é um paraíso de lobistas, de picaretas. Brasília tudo que é de ruim no Brasil vai pra lá, fazer lobby, tirar proveito. Agora acredite quem quiser: nosso governo não gastou um centavo com picareta. Parabéns ao Pazuello, parabéns ao coronel Élcio”, disse, sinalizando apoio ao ex-ministro da Saúde e ao secretário-executivo da pasta, ambos militares, que são acusados de corrupção.
CPI da Pandemia
Na quinta-feira (15), o vendedor Cristiano Carvalho, representante de vendas da Davati Medical Supply, afirmou uma disputa interna entre dois grupos dentro do Ministério da Saúde pela aquisição de vacinas. Afirmou que ele é quem foi procurado pelo ex-diretor de Logística da pasta, Roberto Dias e que soube de pedido de “comissionamento” sobre a compra das vacinas.
“Havia dois caminhos dentro do Ministério, aparentemente. Um era via Elcio Franco, e um era via Roberto Dias, e um não sabia do outro”, disse Carvalho aos senadores.
Para o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), chama atenção o fato de o coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, ser constantemente citado por envolvidos em negociações suspeitas envolvendo compra de vacinas. Aziz lamentou o fato de Franco, após sair do Ministério, ter sido deslocado para um cargo na presidência da República, junto com o ex-ministro Eduardo Pazuello.
Internação de Bolsonaro
Bolsonaro foi internado após apresentar um quadro de obstrução intestinal. Antes de ser levado para São Paulo, ele foi examinado no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília.
Na noite de sexta-feira (16), os médicos haviam informado que Bolsonaro evoluía bem e que houve melhora no quadro de obstrução intestinal a ponto de a alimentação ter sido retomada. Segundo os médicos, Bolsonaro foi submetido a uma tomografia computadorizada do abdômen, e o exame mostrou a melhora do quadro clínico.
Na quinta-feira (15), a sonda gástrica já havia sido retirada. No mesmo dia, Bolsonaro publicou nas redes uma foto caminhando no hospital.
No dia em que foi internado ele teria uma reunião com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
O boletim não informa se a obstrução que o levou ao hospital foi completamente desfeita.
Com informações da Revista Fórum