
A candidata Xiomara Castro, do partido de esquerda Liberdade e Refundação, lidera a apuração dos votos da eleição presidencial de Honduras com 53,6% dos votos contra o nome do governismo, Nasry Asfura, do Partido Nacional, que tem 33,8% dos votos. Até o fim da tarde da segunda-feira (29), 51,56% das urnas foram contabilizadas pela Comissão Eleitoral.
Castro é esposa de Manuel Zelaya, presidente afastado do poder em 2009 em um golpe de Estado apoiado pelos EUA após se aproximar de governos de esquerda da América Latina. Ela pode ser a primeira presidenta do país e defende a regulamentação do aborto, uma aproximação com a China e se denomina como uma socialista democrática.
Apesar da Comissão Eleitoral ainda não ter confirmado o vencedor do pleito, ou ter anunciado os 28 deputados ao Congresso Nacional, 298 prefeitos e 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano que também foram escolhidos na eleição, os dois candidatos deram declarações em que apontam terem saídos como vencedores.
“Obrigada povo! Revertemos 12 anos de lágrimas e dor em alegria. O sacrifício de nossos mártires não foi em vão. Iniciaremos uma era de prosperidade e solidariedade através do diálogo com todos os setores, sem discriminação e sem sectarismo”, disse Castro. Asfura, por sua vez, pontuou que “os números nos favorecem” e que a “vitória deve ser contundente”.
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Filha de um latifundiário de Olancho, Xiomara Castro ganhou destaque em junho de 2009, quando se mobilizou para defender o Governo de seu marido, expulso depois de um acordo entre civis e militares por flertar com a Venezuela de Hugo Chávez e a Cuba castrista, além de saltar um bom número de leis. Até aquele dia, Xiomara Castro havia cumprido de forma impecável o papel que a América Latina reserva às esposas presidenciais: sorrir, inaugurar hospitais e visitar os pobres, que em Honduras são 70% da população. Entretanto, depois da queda de seu marido, deu um passo à frente, que chega até hoje.
Durante aqueles conturbados dias posteriores ao golpe, enquanto seu marido protestava no exílio, ela encabeçou La Resistencia e em inúmeras ocasiões foi humilhada pelos soldados, a quem enfrentava sempre de forma pacífica e acompanhada de seus filhos. Com tom suave, discurso moderado e pouco rebuscado, Castro deixou de ser uma mulher discreta, que caminhava sempre dois passos atrás do marido, para liderar a volta da esquerda ao poder. No aspecto social, prometeu em seu programa impulsionar a legalização do aborto sob determinadas circunstâncias (estupro, risco para a mãe e feto inviável), num dos poucos países do mundo onde a prática é absolutamente proibida mesmo nesses casos.
Honduras tem cerca de 9,5 milhões de habitantes e a agricultura é o setor mais importante da economia do país, com destaque para o cultivo de café, banana e azeite de dendê. De acordo com pesquisa da Universidade Nacional, 73% da população do país está abaixo da linha da pobreza, 52% da população está na pobreza extrema, 72% da população está na economia informal e o número de pessoas que migram para fora do país disparou.
Com informações do jornal El País e Brasil de Fato