
Sem missão oficial ou qualquer argumento válido para um ocupante de cargo público eletivo – caso do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) – o governo de Jair Bolsonaro (PL) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o filho 02 não gerou gastos aos cofres públicos durante a viagem que fez com o pai à Rússia.
Não informou, porém, como foram custeadas as despesas dele ao viajar com a comitiva presidencial, como deslocamentos ou refeições, nem esclareceu o que levou um vereador a participar de reuniões bilaterais no país em detrimento de autoridades brasileiras.
O que levanta questionamentos, especialmente, por conta do histórico de Carluxo.
Apontado como integrante do gabinete do ódio, o assessor especial da presidência Tércio Anoud Tomaz, também fez parte da comitiva.
O que dois investigados no inquérito por fake news foram fazer na Rússia?
O mesmo país que está em guerra contra a Ucrânia é acusado de interferir nas eleições que elegeram Donald Trump presidente dos Estado Unidos.
Antes da Rússia
Em janeiro veio à tona que um representante do “gabinete do ódio”, que integrou a comitiva presidencial em Dubai no ano passado conversou com um representante da empresa DarkMatter na feira aeroespacial conhecida como Dubai AirShow, com o interesse de municiar o grupo paralelo com uma poderosa ferramenta espiã, para ser usada, em especial, no ano eleitoral.
Segundo reportagem de Jamil Chade e Lucas Valença no Uol, o especialista em inteligência e contrainteligência, cujo nome não foi informado, responde extraoficialmente ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos).
A DarkMatter, por sua vez, é uma empresa com sede em Abu Dhabi. Composta, em sua maioria, por programadores israelenses egressos da Unidade 8200, força de hackers de elite vinculada ao exército de Israel, a companhia desenvolveu sistemas capazes de invadir computadores e celulares de alvos, inclusive desligados.
O encontro teria ocorrido em 14 de novembro em uma sala privativa no espaço cedido por Israel, como ressaltou uma fonte ligada à inteligência do governo e que esteve presente na comitiva presidencial.
Coincidentemente, no mesmo dia, Jair Bolsonaro (PL) cumpria uma das agendas de sua viagem aos Emirados Árabes: a inauguração, no mesmo evento, do “pavilhão Brasil”.
Em maio do ano passado, outro episódio envolvendo espionagem e Carluxo.
O vereador atuou na negociação de um software de espionagem em favor da Pegasus, a empresa israelense abandonou o pregão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O episódio expôs a disputa entre o alto comando militar e o filho “02” de Bolsonaro. A atuação do vereador gerou insatisfação por parte de militares que integram o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Nacional de Inteligência (Abin), já que os órgãos ficaram de fora das tratativas.
Fontes ouvidas pelo Uol afirmam que o político carioca tentava usar as estruturas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal (PF) para expandir uma “Abin paralela”, na qual tenha grande influência.