
Por Carolina Fortes
No próximo dia 21 de novembro o Chile vai às urnas e deve ficar dividido entre a esquerda e a extrema direita.
Neste momento, o candidato José Antonio Kast, do Partido Republicano, de extrema direita, e Gabriel Boric, da Convergência Social, de esquerda, estão empatados tecnicamente.
Segundo o instituto Pulso Ciudadano, que publicou pesquisa neste domingo (31), Kast tem 26,5% dos votos, e Boric 25%. Em terceiro lugar aparece a senadora democrata cristã Yasna Provoste, com 12,1%.
Todavia, neste momento Antonio Kast, que foi apelidado de “Bolsonaro chileno” por conta de suas posições anti-LGBT, perderia no segundo turno: Boric aparece com 42,9% e Kast com 36,8%.
Outra pesquisa, também divulgada no domingo, aponta cenário semelhante. De acordo com o levantamento da Plaza Pública Cadem, Kast aparece com 23% dos votos e Boric com 20%.
Por sua vez, pesquisa divulgada pelo Instituto Activa mostra situação de empate entre Kast e Boric no primeiro turno e uma vantagem de 6 pontos da esquerda sobre a extrema direita no segundo turno.
O instituto mostra que, neste momento, Boric tem 32,9% das intenções de votos, e Kast tem 32,8%.
Se o segundo turno fosse hoje, Boric teria 42,9% e Kast 36,8%.
O segundo turno ocorrerá no dia 19 de dezembro.
Polarização
O clima eleitoral é atravessado pelo processo constituinte chileno.
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“Esse processo eleitoral está sempre tensionado pelo novo momento de mobilização que está tomando conta do país. Há uma reativação da economia e também de distintos setores sociais. Os candidatos portanto também estão pressionados a dar respostas sobre a situação dos últimos dias, como a repressão que houve contra os atos do dia 18 de outubro”, analisa a jornalista chilena Marcela Cornejo em entrevista ao Brasil de Fato.
Kast, candidato do Partido Republicano e nome da extrema direita, promete “recuperar a ordem, justiça e paz do país”, afirmando que os dois últimos anos que desencadearam na Convenção Constitucional foram um “pesadelo”.
Kast é um dos promotores do “Fórum de Madri”, aliança internacional de partidos de extrema direita, promovida pelo partido espanhol Vox e apoiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Com uma campanha baseada na herança do ditador Augusto Pinochet, o político do Partido Republicano aumentou sua popularidade nas últimas semanas promovendo ataques xenófobos contra imigrantes venezuelanos no norte do país.
“Diante da queda de Sichel, apresenta-se José Antonio Kast e acaba roubando a intenção de voto dentro da direita”, comenta Cornejo.
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Por outro lado, Boric seria o candidato que representa parte dos setores da revolta social chilena pela reforma constitucional, que acaba de completar dois anos. Após vencer as eleições primárias contra o candidato do partido Comunista, Daniel Jadue, Gabriel Boric seria o nome de unidade.
“Boric não é essa figura que firma posições claras, atua mais como um operador político com um discurso do consenso, de unidade com todos os setores”, defende Cornejo.
Entre suas propostas econômicas está uma reforma tributária para criar um royalty mineiro (imposto sobre a extração) e diminuir a evasão fiscal, que hoje equivale a 3,5% do PIB chileno.
“Boric tem um projeto econômico que não se distancia tanto de um projeto neoliberal, mas seria uma ideia de humanizar esse modelo, melhorar alguns aspectos, mas não há um questionamento de fundo. Mais do que apoio à Boric, a esquerda quer evitar a direita no governo”, analisa Marcela Cornejo
Com informações do Brasil de Fato