Infectologistas e especialistas em eventos esportivos concordam que não é possível liberar grandes aglomerações sem que exista a vacina para o coronavírus

Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que não é possível pensar em eventos como o Carnaval e o Réveillon sem uma vacina, o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB) disse que uma definição deve sair em poucos dias.
Durante uma entrevista em Itaquera sobre a revitalização da Avenida Jacu Pêssego, Covas disse que no caso da festa de ano-novo a expectativa é de uma definição nos próximos dias. A Parada do Orgulho LGBT e a Marcha Para Jesus, eventos que costumam ter a participação de milhares de pessoas, também estão sendo discutidas pelo prefeito.
Sobre o carnaval, Covas conversou com o prefeito de Salvador, ACM Neto (Democratas), para que essa decisão seja tomada conjuntamente com outras grandes cidades do Brasil.”Estamos discutindo com as escolas de samba a possibilidade de adiamento e com outras prefeituras”, disse o prefeito.
No entanto, a Liga das Escolas de Samba (Liesa) do Rio confirmou a intenção de só realizar os desfiles caso uma vacina contra o coronavírus seja apresentada nos próximos meses. Nem mesmo um eventual adiamento está previsto.
Indo contra as expectativas criadas pelo prefeito de São Paulo, Doria afirmou nessa quarta-feira (15) que não há nada o que celebrar diante da maior tragédia já vivida pelo país.
O Brasil está prestes a alcançar 2 milhões de casos confirmados e 316 mil mortes. É a maior tragédia da história. Não há nada a celebrar, não há nada a comemorar. E muita atenção àqueles que diante de um quadro como esse ainda querem fazer festividades de ano-novo
Consenso entre infectologistas
O Centro de Contingência Contra a Covid19, do governo de São Paulo, também avalia que, no momento, não é possível autorizar réveillon ou carnaval. De acordo com João Gabbardo dos Reis, “esse tema tem dependência da vacina”.
Segundo o Estadão, infectologistas concordam com o posicionamento do governador de São Paulo. Para eles, eventos esportivos, carnaval, shows, jogos de futebol com torcida, corridas de rua ou liberação total de praias, por exemplo, estão descartadas enquanto não houver um imunizante ou tratamento. Também não existiria um meio-termo para autorizar aglomerações. Na multidão, é inviável manter o distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas ou controlar o uso de máscaras.
Além da inexistência de vacina até o momento, um dos fundamentos que sustentam a cautela por parte dos médicos também é o desconhecimento sobre a doença. Entre as incertezas a respeito da doença, ele aponta, por exemplo, o tempo de imunidade de quem já teve o coronavírus. “Quem pegou covid-19 está imune pelo restante da vida ou só por um curto período de tempo?”, questiona o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda.