
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quinta-feira (15) o procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. O depoimento dele, pedido por Humberto Costa (PT-PE), tratará de investigações sobre suposto caso de propinas envolvendo compra de vacinas AstraZeneca.
Humberto: CPI quer saber o papel de Cristiano na negociação de vacinas
Antes do início do depoimento de hoje, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse aos jornalistas que a CPI quer saber qual o papel de Cristiano Carvalho, da empresa Davati Medical Supply, na negociação de vacinas com o Ministério da Saúde. Segundo o senador, ao que tudo indica, a empresa não tinha condições de vender 400 milhões de doses de imunizante, como se propôs.
A CPI também tenta entender, de acordo com o senador, por que Cristiano usou o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti, que depôs à CPI, para “atacar” o ex-diretor de Logística do ministério, Roberto Dias, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF).
Queiroga deve detalhar compra da Covaxin
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve prestar informações à CPI sobre todo o processo de compra da vacina Covaxin. Requerimento de Humberto Costa (PT-PE) destaca que a investigação da CPI identificou “pressões para celeridade na contratação” do imunizante indiano.
A CPI quer saber ainda quem foi o responsável por impedir o acesso do servidor Luis Roberto Miranda ao sistema de computadores do Ministério da Saúde. Miranda e o irmão dele, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), denunciaram à comissão um suposto esquema de favorecimento ao imunizante Covaxin.
Fabiano Contarato fala sobre próximos passos da CPI
Antes do início da reunião desta quinta-feira, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) falou sobre a expectativa em relação ao depoimento de hoje (de Cristiano Carvalho, da empresa Davati) e requerimentos de convocação que devem ser analisados. Ele também afirmou que a CPI, prorrogada por 90 dias, entra em nova fase, com a busca de provas de natureza objetiva sobre os fatos já apurados pelos senadores.
CPI tira da pauta convocação de diretor da Abin
A CPI retirou da pauta três requerimentos para a convocação do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. Os pedidos buscavam apurar dois pontos: as suspeitas de que o órgão teria atuado para interferir nos trabalhos da comissão e a insinuação do presidente Jair Bolsonaro de que o coronavírus teria sido criado pela China como arma em uma suposta “guerra química”.
Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a Abin foi usada “como instrumento de intimidação dos membros” da CPI. Ele destaca ainda que o órgão negou o envio de documentos requisitados em junho pela comissão. Tasso Jereissati (PSDB-CE) quer que Alexandre Ramagem explique a declaração feita em maio por Jair Bolsonaro. Na ocasião, o presidente da República insinuou que a China pode ter criado o coronavírus em laboratório como arma química.
Requerimentos apreciados na CPI
Também está na pauta da reunião a análise de 40 requerimentos. Os senadores querem acesso, por exemplo, ao depoimento que a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, prestou à Polícia Federal, e ao contrato entre a Precisa e o laboratório indiano Bharat Biotech. A reunião desta quinta deve ser a última antes do recesso parlamentar, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já anunciou a prorrogação da CPI por mais 90 dias.
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CPI quer esclarecer pedido de propina
Em seu requerimento, Humberto Costa cita reportagem da Folha de S.Paulo de 29 de junho, dando conta que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de U$ 1 por dose de vacina. Para o senador, a denúncia é “gravíssima” e precisa ser mais investigada.
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Segundo relato feito ao jornal pelo PM Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati, a proposta da propina se deu em 25 de fevereiro, em encontro com Dias no restaurante Vasto, em Brasília. Dias teria sido indicado ao cargo no ministério pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de acordo com a reportagem citada pelo senador.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19 por U$ 3,50, mas o preço acabou inflado para U$ 15,50, devido aos “bastidores asquerosos e tenebrosos” de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti na reportagem. A matéria da Folha de S.Paulo esclarece que chegou a Dominghetti devido a informação repassada por Cristiano Carvalho. Ainda segundo o jornal, o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão.
Dominghetti acabou se reunindo com Dias no ministério no dia seguinte ao encontro no Vasto, em 26 de fevereiro, quando, pelo relato do PM, a proposta de propina foi reiterada. Mas como não houve acerto, a pasta teria se desinteressado pelo negócio.
Com informações da Agência Senado