
A IX Cúpula das Américas tem início nesta segunda-feira (6), em Los Angeles, Estados Unidos. Porém, o anfitrião sofreu boicotes por ter decidido excluir Cuba, Nicarágua e Venezuela, sob alegação de não serem nações democráticas. O que fez com que o presidente do México, Andrés Lopez Obrador decidisse não participar.
O intuito é reunir cerca de 30 lideranças da América para discutir imigração, competição com a China, comércio e reforço em negócios nos países mais próximos, além de respostas à pandemia da covid-19 e a recuperação econômica do bloco, o “nearshoring”.
Assim como Argentina, Brasil também terá reuniões bilaterais com os EUA.
Caribe, que tem 15 países, além de Bolívia, Honduras e Guatemala não confirmaram presença.
A reunião multilateral corre o risco de novamente não propor iniciativas concretas, como a última edição, realizada em 2018, em que o então presidente dos EUA, Donald Trump, sequer apareceu.
De acordo com o RFI, há expectativa de que o governo americano lance iniciativas voltadas para viabilizar o “nearshoring”, operações e fornecedores e que cumpra as promessas que fez para a América Latina, com anúncios de investimentos em infraestrutura e energias sustentáveis.
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Mas a falta de coesão, a dificuldade de os EUA estabelecer novos compromissos com a América, como a resistência em flexibilizar tarifas sobre produtos da região e a falta de credibilidade quando se trata em democracia revelam que a queda influência dos EUA no continente.
Também conforme o RFI, alguns líderes condenam as tentativas de ingerência de governos estrangeiros e a política de imigração que não escuta os vizinhos, não age na raiz dos fluxos migratórios e estigmatiza latino-americanos.
Falta de liderança
A primeira edição da Cúpula das Américas foi realizada em 1994, no primeiro governo de Bill Clinton. Mas nesta edição, a resistência foi tamanha que o ex-senador democrata Christopher Dodd, teve de ir aos países mais importantes para convencer seus chefes a participem do encontro.
O professor de Relações Internacionais Juan Gabriel Tokatlián, vice-reitor da Universidade Torcuato Di Tella, de Buenos Aires, afirmou ao O Globo que atual administração americana poderia ser definida como um “trumpismo soft”.
De acordo com ele, os EUA não têm propostas para a região, que por sua vez, “quer debater outros temas, que não são os que interessam ao governo americano”.
“Os países latino-americanos querem falar sobre crescimento, combate às desigualdades, mudanças climáticas, e não apenas sobre a guerra na Ucrânia e a influência da China”, disse.
Mais uma esticadinha de Bolsonaro
O presidente dos EUA, Joe Biden, teve que fazer um esforço até mesmo para convencer o atual mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), que já deu um jeito de incluir um passeio a Orlando no itinerário. , que inclui encontro com o blogueiro bolsonarista forajido do Brasil, Allan dos Santos, e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, conhecido da Justiça brasileira que chegou a ser preso pro ameaças antidemocráticas, mesmo motivo pelo qual o blogueiro está foragido.
O deputado Daniel Silveira (União-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), indultado por Bolsonaro, também participa do encontro.
No sábado (11), Bolsonaro vai de maneira totalmente incomum inaugurar a sede de um vice-consulado do Brasil, que normalmente não contaria com a presença do chefe de Estado. Porém, nesse mesmo dia será realizado o 1º Congresso Conservador Brasileiro da Flórida, em uma churrascaria, com os apoiadores de Bolsonaro.
Com informações da Folha