
Após gestos de aproximação feitos em direção ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, as decisões do magistrado nesta semana provocaram incômodo no Palácio do Planalto.
STF: Fachin vota por validade do inquérito das fake news, mas pede ajustes
Aliados do presidente Jair Bolsonaro chamaram de “decisões políticas” o pedido de vista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em processos que debatem a cassação da chapa de Bolsonaro com Hamilton Mourão e a determinação de Moraes para que o Ministério da Saúde volte a divulgar dados acumulados sobre a covid-19.
A avaliação de integrantes do Planalto é que Moraes quer marcar um posicionamento político em relação ao governo. A ordem no Planalto é para que se evitem críticas públicas a Moraes, que, além de ter voto no TSE, é relator do inquérito que investiga se aliados de Bolsonaro propagam notícias falsas e ataques contra ministros da Corte.
Após o presidente ter participado de protestos nos quais houve ataques ao STF, o governo tem procurado evitar novos embates com a Corte. Aliados de Bolsonaro definem a estratégia como um “cenário de guerra” onde um dos lados precisa jogar a toalha branca. Para o governo, Bolsonaro já sinalizou que quer paz, mas falta o outro lado também fazer sinais semelhantes.
As recentes decisões de Moraes têm levado interlocutores do presidente a cogitar que ele quer se posicionar politicamente como opositor do governo. O acusam de estar interessado em fazer “palanque”
Decisões do STF
A decisão sobre os dados do coronavírus gerou o primeiro desconforto da semana, mas interlocutores evitaram comentar a decisão para não estabelecer nova polêmica. As poucas avaliações eram que a medida havia sido “desnecessária”.
Na noite de segunda- feira, Moraes determinou a divulgação de dados acumulados, como vinha sendo feito até o dia 4 de junho. No dia 5, o Ministério da Saúde divulgou pela primeira vez apenas os dados do dia e tirou do ar a plataforma que apresentava todo o histórico da doença.
Integrantes do governo defendem nunca ter havido interesse em “ocultar os dados”, mas sim de aprimorar a divulgação. O governo chegou a anunciar o lançamento de uma plataforma com dados mais completos, mas ainda não foi ao ar.
No TSE, Moraes seria o penúltimo a votar, quando pediu vista. Os ministros Og Fernandes e Luís Salomão votaram pela improcedência da ação. Edson Fachin, Tarcísio Vieira e Carlos Velloso Filho votaram para que seja realizada uma investigação mais aprofundada cio caso.
A ação em julgamento é sobre um ataque hacker a um grupo do Facebook chamado “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, que foi invadido e passou a postar mensagens favoráveis à chapa que acabou vencedora no pleito.
Com informações do jornal O Globo.