
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quinta-feira (15) o procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. O depoimento dele, pedido por Humberto Costa (PT-PE), tratará de investigações sobre suposto caso de propinas envolvendo compra de vacinas AstraZeneca.
Testemunha diz que foi levada a ministério por Dominguetti e reverendo
Cristiano Carvalho afirmou à CPI que esteve no Ministério da Saúde uma vez em 12 de março, levado pelo cabo da PM Dominguetti Pereira; pelo reverendo Amilton Gomes, da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah); e pelo coronel reformado Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil. Na sede do ministério, eles estiveram reunidos com os coronéis Boechat e Pires e com o então secretário-executivo da pasta Elcio Franco, relatou Carvalho.
IFB, citado por Cristiano Carvalho, é investigado por CPMI das Fake News
O Instituto Força Brasil (IFB), citado por Cristiano Carvalho como organizador do seu contato com o Ministério da Saúde, já era investigado pela CPI Mista das Fake News, que está suspensa no Congresso Nacional. A informação é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O IFB foi descrito como “uma ONG” por Carvalho. Na sua página oficial, o instituto se apresenta como uma organização “que se propõe a fazer frente à hegemonia da esquerda” e “fortalecer os movimentos ativistas conservadores”. Carvalho se reuniu na sede do instituto com o seu presidente, o tenente-coronel Hélcio Bruno de Almeida, que pertenceu às Forças Especiais do Exército e hoje está na reserva.
Dominguetti só entrou em contato em 10 de fevereiro, segundo Cristiano
Cristiano Carvalho afirmou que não conhecia Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Medical Supply, até receber uma mensagem dele em 10 de fevereiro. “Eu não tenho nada que possa desaboná-lo, mas eu não tenho confiança pessoal. Não faz parte do meu rol de amizades. Ele me foi apresentado de uma forma que tinha essa demanda através do governo federal”, disse.
Davati não tem operações no Brasil, afirma depoente
A Renan Calheiros (MDB-AL), Cristiano Carvalho esclareceu que a Davati não possui operação no Brasil, apenas nos Estados Unidos, no estado do Texas. Ele acrescentou que a Medical Supply faz parte da Davati Group, que incorpora outros setores, como a construção civil.
Cristiano Carvalho nega vínculo empregatício com a Davati
Ao responder a primeira pergunta do relator, Cristiano Carvalho informou que não tem vínculo empregatício ou contrato com a Davati. Ele disse que na CPI foi erradamente atribuída a ele a função de CEO da companhia, o que não é verdade. Cristiano informou também que a Davati não tem atuação no Brasil e faz parte de um grupo empresarial que opera em várias áreas nos Estados Unidos.
Requerimentos apreciados na CPI
Também está na pauta da reunião a análise de 40 requerimentos. Os senadores querem acesso, por exemplo, ao depoimento que a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, prestou à Polícia Federal, e ao contrato entre a Precisa e o laboratório indiano Bharat Biotech. A reunião desta quinta deve ser a última antes do recesso parlamentar, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já anunciou a prorrogação da CPI por mais 90 dias.
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CPI quer esclarecer pedido de propina
Em seu requerimento, Humberto Costa cita reportagem da Folha de S.Paulo de 29 de junho, dando conta que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de U$ 1 por dose de vacina. Para o senador, a denúncia é “gravíssima” e precisa ser mais investigada.
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Segundo relato feito ao jornal pelo PM Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati, a proposta da propina se deu em 25 de fevereiro, em encontro com Dias no restaurante Vasto, em Brasília. Dias teria sido indicado ao cargo no ministério pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de acordo com a reportagem citada pelo senador.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19 por U$ 3,50, mas o preço acabou inflado para U$ 15,50, devido aos “bastidores asquerosos e tenebrosos” de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti na reportagem. A matéria da Folha de S.Paulo esclarece que chegou a Dominghetti devido a informação repassada por Cristiano Carvalho. Ainda segundo o jornal, o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão.
Dominghetti acabou se reunindo com Dias no ministério no dia seguinte ao encontro no Vasto, em 26 de fevereiro, quando, pelo relato do PM, a proposta de propina foi reiterada. Mas como não houve acerto, a pasta teria se desinteressado pelo negócio.
Com informações da Agência Senado