
O governador de São Paulo, João Doria (PSBD-SP), disse que não tinha a informação de que a ButanVac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan, contava com tecnologia estrangeira para ser desenvolvida. A afirmação foi feita em uma entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (29).
“Entendo que a ButanVac é uma vacina nacional, uma vacina brasileira. O importante é termos uma vacina. Se ela tem tecnologia internacional, isso é positivo. Temos que combater essa pandemia com todas as forças, todas alternativas disponíveis no Brasil e no mundo.”
João Doria
ButanVac foi anunciada como 100% brasileira
Na sexta-feira (26) o Instituto Butantan, ligado ao governo do estado de São Paulo, anunciou que desenvolveu uma vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 — a ButanVac. O imunizante já teria passado pelas fases pré-clínicas de testes (em células de laboratório e em animais) com bons resultados, segundo o instituto.
Divulgada inicialmente como o primeiro imunizante 100% nacional, a ButanVac teve, na verdade, seu desenvolvimento iniciado por pesquisadores do Hospital Mount Sinai, de Nova York, conforme revelou a Folha no mesmo dia do anúncio da vacina. Mais tarde, o Butantan admitiu a parceria com o hospital e disse que possui a licença de uso e exploração de parte da tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos.
Segundo cientistas, a principal vantagem da ButanVac é poder ser feita do começo ao fim dentro do Brasil, sem depender de empresas estrangeiras e outros países. Atualmente, há disputas políticas em torno da distribuição das vacinas e da matéria-prima para os imunizantes, dominadas por alguns poucos países. Os impasses atrasam a imunização nas nações que não são capazes de fabricar totalmente as substâncias.
Disputa política pela vacina contra a Covid-19
Logo depois do anúncio da ButanVac, o governo federal promoveu uma coletiva às pressas na tarde da sexta-feira (26) para anunciar o início dos testes clínicos de uma outra vacina nacional, a Versamune. O imunizante está está sendo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (também ligada ao governo de São Paulo) em parceria com um grupo farmacêutico brasileiro e uma empresa estrangeira. Os anúncios feitos no mesmo dia elevaram o tom de disputa em torno das vacinas entre o governo de São Paulo e o governo federal.
As duas vacinas experimentais aguardam a autorização da Anvisa para darem início aos testes em humanos. O Butantan afirma que poderia entregar 40 milhões de doses da ButanVac até o fim de 2021 caso o imunizante seja aprovado.
Butantan libera 5 milhões de doses da CoronaVac
Em meio à polêmica sobre a nacionalidade da tecnologia da ButanVac, o Butantan liberou nesta segunda mais cinco milhões de doses da vacina CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Em todo o mês de março, já foram entregues 19,3 milhões de doses, mais do que o disponibilizado em janeiro e fevereiro.
Com o novo carregamento, o total de imunizantes disponibilizado pelo instituto ao PNI chega a 32,8 milhões de doses desde 17 de janeiro. Até o fim de abril, o total de vacinas garantido pelo Butantan somará 46 milhões.
De acordo com as informações do governo do estado de São Paulo, a previsão é que o Butantan entregue mais 54 milhões de doses para vacinação até o dia 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades. Atualmente, 85% das vacinas disponíveis no país contra a covid-19 são do Butantan.
Segundo o instituto, a produção da vacinas segue em ritmo constante e acelerado. “No último dia 4, uma remessa de 8,2 mil litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), correspondente a cerca de 14 milhões de doses, desembarcou em São Paulo para produção local. Outros 11 mil litros de insumos enviados pela biofarmacêutica Sinovac, parceira internacional no desenvolvimento do imunizante mais usado no Brasil contra a covid-19, chegaram ao país em fevereiro”, informou o Butantan.
Com informações da Folha e da Agência Brasil