
Na série especial #ElasQueLutam, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, celebrado no dia 8 de março, o Socialismo Criativo entrevistou mulheres que, junto com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), ajudam a criar um país melhor e mais igualitário. Para que essas melhoras aconteçam, no entanto, é importante levarmos em consideração a diversidade também entre as mulheres, como faz Tathiane Araújo, secretária nacional do segmento LGBT socialista do PSB.
Como mulher trans no país mais violento socialmente e fisicamente com esse grupo, a luta de Tathiane começou cedo. Em 1996, ela foi a primeira pessoa trans a presidir um grêmio estudantil na maior escola do estado de Sergipe e esteve na direção das entidades estudantis no fim da década de 90. Atualmente, além de entregar o PSB, Tathiane preside a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil e é Coordenadora no Brasil da Rede Latino Americana de Pessoas Trans.
“É visível os avanços das políticas públicas para mulheres após a revolução socialista na emancipação das mulheres e igualdade de direitos civis e políticos, o casamento civil e o divórcio, liberdade sexual, inserção do mercado de trabalho de forma igualitária, direito ao aborto, licença maternidade, uma política que incentivava a socialização do trabalho doméstico e a criação dos filhos, como a construção de creches públicas.”
Para a socialista, a participação de mulheres na revolução é essencial para a quebra da hegemonia do pensamento burguês, onde predomina a opinião de que o papel determinante no desenvolvimento da sociedade é desempenhado pela elite. Ela destaca as atuações da deputada Lídice da Mata (PSB-BA) e da vereadora pelo Amapá, Janete Capiberibe (PSB) nesta luta.
“No nosso partido, e em especial no Parlamento, destaco as atuações de Lídice da Mata e Janete Capiberibe e suas atuações socialistas, representando nossos conceitos na sociedade, trazendo para a cena os conflitos sociais e geopolíticos e a diferenciação entre os dois sistemas opostos, o socialista e o capitalista”, afirma.
A diversidade e a luta socialista
Ao analisarmos o tema sobre a ótica da diversidade, Tathiane destaca que ao longo da última década foi necessário que partidos de esquerda quebrassem paradigmas e revissem algumas contradições em relação à homossexualidade. Segundo a ativista, tais mudanças fizeram com que partidos comunistas e socialistas entendessem melhor seu papel na construção social igualitária para todos, como pregam.
“Um exemplo da nossa auto-organização foi a criação da Liga das Associações de Mulheres Progressistas, uma organização alemã de esquerda, liderada por Lily Braun, no século XIX, que lutou pela descriminalização da homossexualidade na Alemanha e propôs a organização das prostitutas em sindicatos.”
Apesar dos avanços, Tathiane também destaca ainda é preciso mecanismos de automação da mulher, inclusive na política.
“Um exemplo de domínio e tentativa de homogenia ocorre na nossa política, onde, de acordo com o TSE, 53% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres, porém, não estamos nem próximas à igualdade de ocupação em mandatos legislativos e de chefia na gestão pública. O que demonstra a necessidade de nossa atuação socialista por direitos e pela condição e igualdade de gênero”, conclui.