
Com Marcelo Hailer
Aconteceu na noite deste domingo (19) a 73ª do Emmy, premiação que é considerada o Oscar da TV estadunidense. E a edição desse ano teve um momento histórico, quando entregou o prêmio de melhor roteiro para Minissérie ou filme para TV para Michaela Coel.
A roteirista, que também é atriz, recebeu o prêmio pela minissérie “I may destroy you”, que é baseada em uma experiência de abuso sexual vivenciada por Coel, e se tornou a primeira mulher negra na história do Emmy a ser premiada na categoria de roteiro.
“Escreva a história que te dá medo, que te dá incertezas, que não é confortável. Eu te desafio. Não tenha medo de desaparecer por um tempo e ver o que vem até você no silêncio. Dedico essa história a sobreviventes de abuso sexual”, declarou Michaela Coel ao receber o prêmio.
No Bafta, em junho, ela dedicou o prêmio de melhor atriz de TV à coordenadora de intimidade Ita O’Brien. Desde as denúncias de assédio que explodiram com o movimento #MeToo, a presença desse tipo de profissional tem sido constante em filmagens de cenas de nudez e sexo. A função deles é zelar pelo bem-estar dos atores e evitar constrangimentos e abusos.
“Quero dedicar este prêmio a coordenadora de intimidade Ita O’Brien. Obrigado por sua existência na nossa indústria, por tornar o espaço seguro físico, emocional e profissionalmente para que a gente faça um trabalho sobre exploração, perda de respeito e abuso de poder sem ser explorada e abusada no processo”, disse Michaela. “Eu sei como é filmar sem um coordenador de intimidade – a bagunça e a vergonha para a equipe e devastação interna para a atriz. A sua direção foi essencial para a minha série, e acredito que seja essencial para toda produtora que queira trabalhar com temas de consentimento”.
A série “I may destroy you”, além do abuso sexual, também discute temas como racismo, LGBTfobia e a questão do consentimento. A produção foi escrita e protagonizada por Michaela Coel e está disponível na HBO Max.