
Um dos comércios que se popularizou com a propagação da internet é o “leilão de informações“. Não é novidade para ninguém que sites e aplicativos coletem informações pessoais para a “alimentação” de banco de dados de grandes empresas e conglomerados da tecnologia, como a Google, Meta — dona do Facebook, Instagram e Whatsapp —, Microsoft e Apple. Atualmente, com uma legislação que estabelece os limites e transparência sobre os dados que estão sendo “vigiados”, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, ninguém pode “surrupiar” informações privadas de ninguém.
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Só que não. Atualmente, existe uma gama gigante de pessoas e empresas que vendem dados coletados por meios invasivos — e ilegais —, muitas vezes através aplicativos intrometidos ou fantasiados.
Agora, investigadores descobriram que uma dessas empresas demonstrou o quão eficiente é, espionando até algumas das agências de investigação dos Estados Unidos.
Segundo o The Intercept e a Tech Inquiry, a empresa Anomaly Six, sediada no estado da Virgínia, exibiu suas capacidades de vigilância rastreando telefones celulares usados por funcionários da Agência Central de Inteligência (CIA) e da Agência de Segurança Nacional (NSA).
De acordo com as informações, eles usam dados coletados de GPS altamente precisos comprados de aplicativos móveis para “triangular” quando e onde um usuário de telefone está a qualquer momento. Isso, juntamente com outros pontos de dados rastreados, permite que a empresa rastreie 3 bilhões de dispositivos em “tempo real”. Além disso, revela publicidades assistidas pelos meios de comunicação.
Empresa demonstra de poder
A espionagem foi revelada durante uma demonstração em uma reunião da A6 junto a outra startup de vigilância, a Zignal Labs, conhecida por coletar grande quantidade de dados do Twitter. As empresas conversavam sobre uma possível parceria, quando, para impressionar os funcionários da Zignal, Brendon Clark, representante da A6 supostamente usou a tecnologia da empresa para rastrear um telefone celular do estacionamento da NSA para uma base de treinamento militar no Oriente Médio.
“Quero dizer, pense em coisas divertidas como fontes”, disse Clark ao clicar em um membro da NSA, segundo o relatório. “Se eu sou um oficial de inteligência estrangeiro, posso não ter acesso a coisas como a agência ou o forte, mas posso encontrar onde essas pessoas vivem, para onde elas viajam, quando eles deixam o país”, completou.
Uma investigação anterior do The Wall Street Journal mostrou que o A6 havia incorporado o software de rastreamento em centenas de aplicativos móveis como um meio de coletar dados de localização em milhões de usuários de telefone.