
O ministro da Economia, Paulo Guedes, irá sofrer a terceira baixa na sua equipe apenas neste mês de julho. O diretor do Secretaria de Fazenda da pasta, Caio Megale, pediu para deixar o cargo na última segunda-feira (27). Ele comunicou internamente que irá sair do posto até a próxima sexta-feira e voltar ao setor privado.
A saída de Megale se soma aos pedidos exoneração do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, anunciado na última sexta-feira, e do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, no início do mês.
Razões das ‘baixas’
Mansueto foi substituído por Bruno Funchal e o novo presidente do BB ainda não foi anunciado. No caso de Mansueto, o desejo de sair do governo já havia sido manifestado desde junho. Assim como Megale, ele quer ir para a iniciativa privada. Já Novaes alegou que estava cansado e que queria voltar ao Rio. Ele deve ser nomeado assessor especial de Guedes, mas passará a despachar na capital carioca.
Caio Megale disse a pessoas próximas que decidiu deixar o cargo por motivos pessoais. Ele morava num hotel em Brasília e queria voltar para próximo da família, em São Paulo. O economista avaliou que seu ciclo no setor público se encerrou. Ainda não há definição sobre quem assumirá a sua vaga.
Trajetória de Megale
Antes de ir para o governo federal, Megale foi secretário de Fazenda da cidade de São Paulo no início da gestão do atual prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB). Participou também da equipe de transição do governo Jair Bolsonaro, após as eleições de 2018.
No Ministério da Economia, Megale ocupou três funções diferentes desde janeiro de 2019. Primeiro, ele assumiu a secretaria de Desenvolvimento da Indústria Comércio, Serviços e Inovação, com o objetivo de fazer a ponte entre o ministério e o setor privado. O cargo era subordinado ao secretário especial de Produtividade Emprego e Competitividade, Carlos da Costa.
Ainda no ano passado, ele deixou a secretaria e passou a ser assessor especial de Guedes, responsável por fazer a interlocução do ministério com o setor produtivo. Em janeiro deste ano, Megale deixou esse cargo e passou a ser diretor de programas da secretaria de Fazenda, comandada por Waldery Rodrigues. No posto, ajudou a negociar a proposta de socorro a estados e municípios por conta da crise causada pelo coronavírus.
Numa entrevista, na semana passada, defendeu que o socorro foi mais que suficiente para compensar a queda de arrecadação dos estados durante a pandemia.
Críticas do mercado
Para o economista Sérgio Valle, da MB Associados, substituições na equipe são encaradas com normalidade pelo mercado. O mais preocupante, diz, é o fato de “estarmos com um ano e meio de governo e poucas medidas concretas além da Reforma da Previdência”.
“O governo disse que a reforma tributária seria o próximo foco, e um ano depois chega com uma reforma que é só a unificação de PIS/Cofins, ignorando as propostas na Câmara e deixando para depois uma reforma que é ainda mais importante neste momento, a parte de tributação de renda”
Para Valle, a sensação que se tem é que o governo, ao decidir ser muito centralizador, atrasou “a capacidade de formulação de projetos que precisaríamos ter”.
“É preciso uma aceleração nessa formulação”, disse o economista.
Com informações do Globo