por ASCOM PSB Nacional em 22/03/2019.

Foto: Humberto Pradera
Na palestra de abertura do Seminário Internacional Economia Criativa, promovido pelo PSB e pela Fundação João Mangabeira, na noite desta quinta-feira (21), a psicóloga e psicanalista Viviane Mosé disse que vivemos atualmente “um momento de transição de um modelo de sociedade para o outro”.
A mestre e doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comparou: “É mais ou menos como se tivéssemos na nossa frente um prédio e não há nada que se pareça mais com um prédio em ruínas do que um prédio em construção. E é isso o que vivemos hoje, um momento de transição de um modelo de sociedade para outro”.
Intitulada “Inovação e Educação como base de uma Revolução Criativa”, a palestra de Viviane foi assistida por mais de 200 participantes do evento.
Ela destacou o avanço tecnológico dos séculos 20 e 21 e disse que “vivemos (a transição) de uma sociedade material para uma sociedade virtual”.
Mas, para a psicóloga, esse mesmo avanço das novas tecnologias tem causado um esgotamento sociopolítico, moral e ético. “Nós nunca fomos tão imaturos, tanto política como socialmente. Se antes, tínhamos uma televisão que coordenava toda a mídia e toda a informação. Hoje, temos a internet com um milhão de possibilidades. Mas ela traz ganhos e perdas”, avaliou.
Como exemplo dessas perdas, Viviane citou a influência das Fake News sobre as pessoas. “Não tenho dúvidas de que as campanhas políticas atualmente são determinadas pelo nível de acesso à informação”, apontou. Apesar disso, ela afirmou que a internet não é um problema para a sociedade.
“Pelo contrário, as novas relações que a gente vive, a possibilidade de sairmos desse mundo, ampliarmos o nosso conhecimento, é exatamente o permitido numa sociedade em redes. Nela, todas as pessoas são valorizadas pelas suas funções e as relações e comunicações são feitas de forma horizontalizada”, explicou.
O problema, segundo Viviane, é que do outro lado da tela do computador e do celular não há uma presença familiar. Os pais trabalham o dia inteiro, terceirizam a educação e criação dos filhos para a escola e outros parentes, e, à noite, ao voltarem para casa, se sentem culpados pela ausência, compram presentes para as crianças, mas voltam a se conectar às redes.

Foto: Humberto Pradera
“Os pais dão presentes e não presença. E isso tem criado crianças mimadas e abandonadas afetivamente, que não tem acompanhamento familiar e sem dia-a-dia de vínculos afetivos com os pais. O resultado disso é automutilação, suicídio e depressão”, lamenta.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a doença mais incapacitante em todo o mundo e o suicídio é a segunda razão de mortes há mais de 10 anos.
Para Viviane, a superação dessa crise generalizada passa pela educação inovadora na qual as crianças aprendam nas escolas questões éticas, o respeito, a cuidar do meio ambiente, além de serem estimuladas a pensar e a serem criativas, em vez de apenas decorarem o conteúdo ensinado pelos professores para fazerem provas e, futuramente, ingressarem no mercado de trabalho.
“As escolas e a nossa sociedade precisam ser lugares de vida, de ação, de criação. O que guia o mundo é a inovação, o pensamento e a criatividade, e temos um alto desenvolvimento tecnológico que permite isso”, afirmou.
“Se nós entendermos e aprendermos com essa crise, nós vamos conseguir propor o que esse seminário está discutindo. No dia em que tivermos noção do poder que temos como seres que navegam pelas redes, a gente vai ter uma boa sociedade para mudar a história”, finalizou.
Confira a galeria de fotos do evento no Flickr do PSB: www.flickr.comAssessoria de Comunicação/PSB Nacional