
Em mais uma demonstração de grosseria e preconceito, Jair Bolsonaro (PL) chamou os nordestinos de ‘pau de arara’. A expressão é uma forma depreciativa e remete às péssimas condições em que milhares de trabalhadores que deixavam o Nordeste em busca de uma vida melhor no Sudeste e Sul do país, por meio de viagens longas e perigosas, nas caçambas de caminhões.
Querendo fazer gracinha com os eleitores que mais o rejeitam, Bolsonaro também passou vergonha ao errar o estado de origem de Padre Cícero, em transmissão ao vivo, nesta quinta-feira (3).
Ao comentar a revogação de dezenas de decretos de luto oficial, Bolsonaro afirmou que Padre Cícero (1844-1934) era de Pernambuco, quando o líder religioso, tido como santo, é do Ceará.
“Dadas as nossas revogações, feitas há pouco tempo, falaram que eu revoguei o luto de Padre Cícero, lá de Pernambuco”, disse.
“É isso mesmo? De que cidade fica lá?”, questionou o presidente a assessores. “Está cheio de pau de arara aqui e não sabem que cidade fica padre Cícero?”
Em outro erro, Bolsonaro mostra sequer se preocupar com o que assina, já que entre os decretos de luto oficial revogados não constava Padre Cícero.
Após a má repercussão do cancelamento dos decretos de luto oficial, Bolsonaro, novamente, recuou e afirmou que serão reeditados.
Entre eles, os do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes (1916-2005), de Dom Hélder Câmara (1909-1999) e de Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000).
O PSB repudiou as revogações promovidas por Bolsonaro.
“O Partido Socialista Brasileiro (PSB) repudia de forma veementea revogação, por ação da Presidência da República, de decretos de pesar pela morte de grandes personalidades brasileiras, especialmente as de clara orientação democrática e humanista”, afirmou o partido em nota.
Para os socialistas, foi uma afronta direta de Bolsonaro.
“No que se refere especialmente a Miguel Arraes e a Dom Hélder, ao desmerecê-los do ponto de vista histórico-institucional, Jair Bolsonaro comente uma afronta infame à gente simples do Brasil em geral e do nordeste brasileiro em particular, que sempre encontrou nessas lideranças a expectativa de uma vida melhor e mais digna, de emancipação da injustiça, valores e preceitos que o atual governo não apenas despreza, como combate com todas as suas forças e instrumentos”, enfatiza no documento assinado pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira.
Com informações da Folha