
Por Lucas Vasques
A Polícia Federal (PF) intimou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o general Luiz Eduardo Ramos, e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. Ambos terão de prestar depoimento no inquérito das fake news.
Os dois serão ouvidos na investigação que tem como alvo principal Jair Bolsonaro. Em sua live no dia 29 de julho, o presidente fez duros ataques, sem provas, às urnas eletrônicas.
Além de Ramos e Ramagem, a PF intimou o militar da reserva Eduardo Gomes da Silva, que apresentou a transmissão ao vivo naquela data, de acordo com informações da coluna Painel, na Folha de S.Paulo.
Os depoimentos devem acontecer ainda nesta semana. Embora estejam incluídos em uma investigação criminal, também serão compartilhados com o inquérito administrativo aberto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que apura ilegalidades na live e os ataques ao sistema eleitoral.
A PF tenta descobrir qual foi a participação de Ramos e Ramagem nos preparativos, na organização e na obtenção de informações usadas por Bolsonaro para atacar o sistema eleitoral durante a live. O presidente já foi incluído no inquérito das fake news, por solicitação do TSE.
Onze crimes
Alexandre de Moraes, ministro e relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), menciona a possível prática de 11 crimes por Bolsonaro somente durante a live.
Conforme o ministro, o presidente pode ter praticado, entre outros, os crimes de calúnia, injúria, difamação, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa e denunciação caluniosa.
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Moraes enviou à PF, há dois meses, todo o material colhido desde 2019, quando o inquérito foi aberto, e pediu a análise e proposição de medidas a serem tomadas para a conclusão da investigação.
A investigação busca provas de um movimento para desestabilizar a democracia. Para os investigadores, a live acabou sendo disseminada nas redes, seguindo o mesmo padrão da atuação da chamada milícia digital e de diversas manifestações do presidente nos últimos meses – sobre o sistema eleitoral brasileiro e também sobre o combate à pandemia.
Moraes afirmou, ao autorizar a inclusão de Bolsonaro como investigado, que todas as declarações tiveram como objetivo o ataque às instituições democráticas.
“O pronunciamento do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se revelou como mais uma das ocasiões em que o mandatário se posicionou de forma, em tese, criminosa e atentatória às instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal, imputando aos seus ministros a intenção de fraudar as eleições para favorecer eventual candidato, e o Tribunal Superior Eleitoral, no contexto da realização das eleições previstas para o ano de 2022, sustentando, sem quaisquer indícios, que o voto eletrônico é fraudado e não auditável.”
Com informações do G1