
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), anunciou no fim desta quinta-feira (29) que o diretório estadual de seu partido vai processar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por fazer propaganda política contra candidatos da sigla durante viagem ao estado.
Bolsonaro esteve no Maranhão durante o dia para inaugurar obras em quatro municípios e, em seu discurso, disse que vai “mandar embora o comunismo do Brasil”. Ele ainda relacionou o comunismo a regimes ditatoriais.
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Para o governador, Bolsonaro usou dinheiro público para fazer campanha política contra candidatos do PCdoB em plena eleição. Por isso, incorreu em crime de improbidade administrativa.
“Bolsonaro veio ao Maranhão com sua habitual falta de educação e decoro. Fez piada sem graça com uma de nossas tradicionais marcas empresariais: o guaraná Jesus. E o mais grave: usou dinheiro público para propaganda politica. Será processado”, afirmou Dino via Twitter.
Mais uma polêmica para a conta
Não foi preciso muito tempo na cronometrada agenda, de pouco mais do que oito horas a ser cumprida em território maranhense, para que Bolsonaro se envolvesse em outra das suas frequentes polêmicas.
Em meio a uma grande aglomeração de pessoas e sem usar máscara, o presidente se divertiu com a cor rosa de um Guaraná Jesus, a bebida típica do estado, e aproveitou para fazer mais uma piada homofóbica que agora passa a contar na sua lista de gafes.
“Agora eu virei boiola. Igual maranhense, é isso?”, disse o presidente entre risos. “Guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná aqui vira maranhense”, emendou depois Bolsonaro, mostrando a bebida a apoiadores.
Repúdio de parlamentares
Presidente do PCdoB Maranhão, o partido de Flávio Dino, e vice-líder da sigla na Câmara, o deputado federal Márcio Jerry (MA) repudiou o comportamento do mandatário e recordou a falta de obras a serem inauguradas pelo governo federal na região. A representação contra o deputado será assinada pelo deputado.
“Na agenda de Bolsonaro aqui no Maranhão tinha inauguração de tapa buracos e de um panelódromo. Aí ele aproveitou a vinda para proferir piada homofóbica contra maranhenses. Escolheu o estado para agredir com homofobia. Preconceito e desrespeito”, definiu o parlamentar, antes de emendar: “Ao zombar do Guaraná Jesus, patrimônio do Maranhão, Bolsonaro zomba dos maranhenses”, disse em repúdio.
Os deputado Rubens Pereira Júnior, integrante do PCdoB maranhense, e Bira do Pindaré (PSB-MA) também repudiaram as declarações do mandatário.
Os deputados federais do PSOL Fernanda Melchionna (RS), David Miranda (RJ) e Sâmia Bomfim (SP) e as ativistas Natasha Ferreira e Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, afirmaram que também entrarão com uma representação no Ministério Público Federal contra o presidente por causa de piada de cunho homofóbico.
Comitiva do Maranhão
Ciceroneado pelo senador tucano Roberto Rocha (PSDB) – ex-sarneyzista, ex-socialista e agora bolsonarista –, o ex-capitão reformado do Exército visitou quatro municípios onde teve expressiva votação nas eleições de 2018.
Apesar do pouco tempo, a visita mobilizou um enorme aparato de segurança. Em campanha antecipada para 2022, durante a passagem, a “caravana” bolsonarista também intensificou o apoio a Eduardo Braide (Podemos), candidato à prefeitura de São Luís.
Além de Rocha, a comitiva de “boas-vindas” a Bolsonaro foi formada pelos deputados maranhenses Aluísio Mendes (PSC), Cléber Verde (Republicanos), Edilázio Júnior (PSD), Juscelino Filho (DEM) e Pastor Gildenemyr (PL).
Agendas distintas
Paralelamente, Flávio Dino, que não foi convidado pelo presidente para agendas conjuntas, aproveitou o dia para inaugurar um campus da Universidade Estadual do Maranhão na cidade de São Bento e duas escolas. Ele também lançou obras da universidade em São João dos Patos, outro município do estado, .
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