
O ato de filiação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de outros membros ao PSB, na última quarta-feira (23), marcou o fortalecimento e a importância da presença de pessoas LGBTQIA+ dentro da política brasileira. O evento de boas-vindas aos novos socialistas recebeu, entre outros nomes, a filiação da ex-BBB e ativista trans, Ariadna Arantes, e o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis.
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Para a secretária Nacional do Segmento LGBT Socialista, Tathiane Araújo, as novas adições ao quadro partidário socialista é, acima de tudo, um ato de retomada à democracia.
“Com os novos reforços, vamos fortalecer o nosso programa socialista e colocar o PSB em um papel protagonista na política e retomar a democracia perdida com esse governo nefasto”, afirma.
Em outubro do ano passado, o LGBT Socialista completou 10 anos de sua criação. Fundado em Recife (PE), o segmento partidário coleciona diversas conquistas durante a sua trajetória de existência, entre elas o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da omissão legislativa para enquadrar atos de homofobia e transfobia nos tipos penais previstos na legislação, equiparando aos crimes de racismo (Lei 7.716/1989), em 13 de junho de 2019; o Provimento nº 73 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), toda pessoa trans ou travesti obteve o direito de fazer a alteração diretamente nos cartórios de registro civil, sem a necessidade de cirurgias, tratamentos ou ação judicial, em março de 2018; em 8 de maio de 2020, o STF decidiu derrubar restrições à doação de sangue por pessoas LGBTQIA+, em ação histórica encabeçadapelo PSB.
Refletindo sobre a trajetória do segmento, Tathiane reitera que a luta pelas grupos minoritários é prioridade em uma agenda de esquerda e socialista. “Em todo o mundo, o socialismo representa a esquerda, as minorias e a luta do povo que mais precisa. E aqui não é diferente. O LGBT Socialista fez dez anos nesta luta e é protagonista nessa luta no PSB e no Brasil”.
Pelo desenvolvimento e pela igualdade
Recém-filiada, a ex-BBB e pré-candidata a deputada federal pelo PSB, Ariadna Arantes acredita que a presença de uma mulher trans no plenário paulista seria de grande impacto para a criação e debate das pautas LGBTQIA+, em especial para pessoas trans.
“Precisamos dessa representatividade dentro do plenário. E ser a primeira mulher trans deputada federal, caso eleita, seria de impacto nacional. E isso seria muito importante para o desenvolvimento do nosso país e pela igualdade”, reforça
Ariadna também alerta para a necessidade do resgate destas pautas em frente à forte falta de comprometimento do governo de Jair Bolsonaro em abordar medidas importantes para as minorias.
Como militante da comunidade trans, a ex-BBB declara que sua filiação a sigla socialista representa uma oportunidade para que a sua luta e a sua voz seja reconhecida. “Nós existimos. E estar aqui mostra a importância do desenvolvimento do país e do partido ao escutar a voz de toda essa população minoritária”.
Diversidade
Na última sexta-feira (18), o PSB oficializou o lançamento da pré-candidatura da ativista de Direitos Humanos e assistente social, Paula Benett, para uma das oito cadeiras da Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal.
É a segunda vez que a mineira de Miraí disputa um cargo eletivo. Em 2018, pretendia concorrer à Câmara dos Deputados, mas arranjos internos na sigla empurraram sua candidatura para a Câmara Legislativa (CLDF). A militante não chegou a ser eleita.
“Decidi ser pré-candidata a deputada federal para ocupar um espaço que há muito tempo nos é negado, mas que decide sobre a nossa vida e, na maioria das vezes, sem nós. Temos parlamentares simpatizantes à pauta trans/LGBTQIA+ e somos gratos por isso. Contudo, chegou a hora de falarmos por nós mesmas, de termos nossa própria voz. Estou preparada, tenho a vivência aliada à experiência e a coragem para avançar”, afirmou ao site Metrópoles.
A pré-candidata pretende pautar temas para mudar uma triste realidade registrada no Brasil: é um dos países que mais matam mulheres trans e travestis do mundo.
Socialistas na defesa da democracia
Mais de 400 pessoas participaram da solenidade de filiação, nesta quarta-feira (24), em Brasília.
“Nós vivemos hoje um dos momentos mais graves da vida nacional, dois pesadelos assombram o país: a violência e a miséria. O Brasil tem uma dívida social com sua população e isso piorou enormemente nos últimos anos, essa é a razão de estarmos aqui, no PSB, partido da esperança que tem em sua história nomes como o de João Mangabeira, Miguel Arraes e Eduardo Campos. O que nos consola é saber que não enterramos grandes homens e mulheres, nós semeamos, semeamos as suas ideias e lutas”, declarou Alckmin.
No mesmo evento, dezenas de novos filiados ao partido, como o senador Dario Berger (SC), o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, e o advogado Augusto Botelho, do Grupo Prerrogativas.
“A contribuição que Alckmin poderá dar na sucessão presidencial vai muito além do que alguns estão pensando. É pela sua eficiência, honradez, capacidade política. Um homem que merece todo o respeito da nação e que vai contribuir muito para a gente virar essa página da história”, ressaltou o presidente do PSB, Carlos Siqueira.