Reconhecer o Forró como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira é Salvaguardar as matrizes do forró, significa oferecer condições de materializar o potencial da cultura, da diversidade e da identidade do povo nordestino.

Músicos com instrumentos típicos do forró: sanfona, zabumba e triângulo / Roque de Sá/Agência Senado
Audiência pública foi requerida pela Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado (CDR) a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que propôs o reconhecimento do Forró como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira.
Para a vice-presidente da CDR, a senadora Lídice da Mata, o reconhecimento do forró como patrimônio imaterial é fundamental para fortalecimento da identidade do povo nordestino, além de estímulo para a economia do setor. “Sou totalmente favorável à proposta”, afirmou a senadora.
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Segundo Joana Alves, presidente da Associação Cultural Balaio do Nordeste, o reconhecimento passa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( Iphan) , que precisa de recursos para a pesquisa e fundamentação do pedido A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) manifestou na audiência pública o compromisso dos senadores de apoiar o Iphan com emendas parlamentares.
Salvaguardar as matrizes do forró significa oferecer condições de materializar o potencial da cultura, da diversidade e da identidade do povo nordestino. Essa compreensão foi um dos resultados do debate na audiência.
Para Fátima, o forró é uma das expressões mais genuínas da cultura nacional, pois retrata as alegrias e amarguras do povo nordestino. Além disso, ressaltou, a cadeia produtiva do forró gera riquezas não só no período de festas juninas.
— O forró gera renda o ano inteiro, porque é uma forma de cultura viva, presente no cotidiano das grandes, médias e pequenas cidades de todo o país. Ele é importante para a identidade de uma nação e imprescindível para a educação e a cultura — disse.
Em 2011, a Associação Cultural Balaio Nordeste encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o pedido de registro das Matrizes do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então, a associação vem realizando fóruns estaduais com objetivo de mobilizar os forrozeiros e promover espaços para o debate das questões pertinentes ao pedido.
Segundo o coordenador-geral de Identificação e Registro do Instituto do Iphan, Deyvesson Alves, é necessário haver o engajamento da comunidade que pede o reconhecimento, pois o instituto não disponibiliza de recursos suficientes para a construção do dossiê necessário.
— É preciso fazer estudos específicos, que argumentem o valor nacional, a importância e o território de abrangência da cultura do forró. Para isso, precisamos contratar pesquisadores e profissionais para fazer um documentário em vídeo — explicou.
Deyvesson Alves informou que, este ano, o instituto recebeu pouco mais de R$ 1 milhão para implantar ações em todo o país.
Ameaça de outros ritmos
De acordo com a presidente da Associação Cultural Balaio Nordeste, Joana Alves, o forró está perdendo força nas festas de São João, pois grande parte dos municípios nordestinos tem contratado para o evento artistas famosos que tocam outros ritmos.
— A proposta de festa junina é trazer grandes artistas, porque dizem que eles trazem público. Mas quem disse que não temos forrozeiros capazes de trazer público? Quando se contrata um artista grande, paga-se R$ 400 mil para ele trazer sua banda. Para o forrozeiro, paga-se apenas R$ 300, sendo que seu instrumento de trabalho, que é a sanfona, custa em média R$ 22 mil. Não podemos dizer que não temos pessoas capacitadas, o que falta é investimento nas políticas públicas — relatou.
Segundo Rozania Macedo, presidente da Comissão Estadual do Forró na Bahia, 417 municípios baianos se beneficiam economicamente com as festividades de São João.
— Eu vivo a dificuldade de colocar os forrozeiros na época junina. É preciso registrar o forró como patrimônio imaterial. Onde se planta e semeia uma cultura, se colhe o forró — comentou.
Assista a intervenção da senadora Lídice da Mata durante a audiência.
O artista Roberto dos Santos, conhecido como Roberto do Acordeon, reivindicou políticas públicas em defesa dos forrozeiros.
— Precisamos defender o forrozeiro. Quando um artista de mídia chega no município para fazer um show, o processo de fechamento de contrato é rápido. Mas quando nós, forrozeiros, queremos fazer, há dificuldade. Dizem que precisa ser feita licitação e outras coisas que não facilita. Muitas vezes, o município diz que vai avaliar, mas o artista é avaliado pelo povo, não por três ou quatro pessoas — reivindicou.
Fonte: Agência Senado