
A piora da economia brasileira sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem levado multinacionais de peso a deixarem o país. Os fatores são vários e vão desde uma má gestão da crise em um cenário de pandemia até perspectivas de deterioração latente para os próximos anos. Algumas das piores perdas foram registradas entre 2020 e 2021.
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Atualmente, o Brasil é antepenúltimo colocado entre os países emergentes no ranking de vulnerabilidade macroeconômica elaborado pela consultoria MB Associados. Este ranking contrapõe indicadores como crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), inflação, desemprego e dívida bruta do governo. O levantamento indicou 62% de vulnerabilidade para o Brasil. Quanto mais alto este índice, pior é a posição do país.
Multinacionais que deixaram o Brasil
Gigante do setor automobilístico, a estadunidense Ford, por exemplo trocou o Brasil pela Argentina em 2020. Ela estava instalada em solo brasileiro havia mais de cem anos e decidiu fechar de uma vez as três grandes fábricas que mantinha.
Também no setor de automóveis, a Mercedes-Benz foi outra perda. Ela anunciou que deixaria de produzir carros em Iracemápolis, no estado de São Paulo, pela situação do mercado. Manteve apenas a produção de caminhões e chassis de ônibus.
Mais recentemente o Brasil perdeu a espanhola Cabify. A empresa alegou dificuldade para avançar no serviço de carona no Brasil. A cimenteira franco-suíça LafargeHolcim, maior do ramo no mundo, também encerrou atividades em solo brasileiro.
Instalada na Zona Franca de Manaus, a Sony anunciou que não iria mais fabricar ou mesmo vender no Brasil TVs, equipamentos de áudio e câmeras. De maneira semelhante, foram embora a farmacêutica suíça La Roche e o laboratório americano Eli Lilly. A varejista francesa L’Occitane fechou lojas no Brasil, e a americana Walmart repassou os ativos no País.
O novo endereço dessas e de outras empresas são países emergentes. Alguns deles vizinhos do Brasil como é o caso da Argentina.
Empobrecimento do brasileiro afasta investidores
Economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin lembra que somente em 2020 a queda na entrada líquida de investimento direto do exterior no Brasil chegou a 50,6%.
Cagnin alerta, no entanto, que os problemas são anteriores à pandemia.
“Podemos até atrair investimentos em commodities e em setores de infraestrutura, mas as deficiências vão continuar em muitas outras áreas O Brasil dá sinais de crescimento pífio, com muitos problemas sociais agravados.”
Rafael Cagnin
Nesse sentido ele ressaltou a série negativa do PIB que não cresce, de fato, desde 2014, porém, a má gestão sanitária agravou o cenário.
“A gente não tem uma melhora de performance do ponto de vista sanitário, de como gerir e lidar com o surto de Covid-19. Não fizemos lockdowns adequados, vivemos de abre e fecha, temos uma vacinação lenta e cheia de erros, além de desemprego”, afirma. “O governo poderia ajudar a reduzir graus de incerteza, mas não faz isso.”
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Outro aspecto que tem afastado as grandes companhias é a falta de uma política consolidada de investimentos avanços tecnológicos e pacotes de recuperação pós-pandemia baseados em economia verde. De igual forma, a perda de poder aquisitivo das classes mais baixas torna o Brasil um mercado menos interessante.
Para se ter ideia, conforma a pesquisa a FGV Social, 32 milhões de brasileiros deixaram de integrar a classe C desde agosto do ano passado. Eles migraram para a classe D (com renda de R$ 1.205 a R$ 1.926) e até E (até R$ 1.205).
Com informações do Portal Vermelho