
Enfermeiro, Doutor em Filosofia da Enfermagem e ex-presidente da seção catarinense da Associação Brasileira de Enfermagem, (ABEn-SC), Gelson Albuquerque tomou posse no Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina, o Coren-SC, nesta segunda-feira (4). Ele comandará o órgão que rege cerca de 65 mil profissionais no estado até o fim de 2023, junto com outros 17 representantes, também eleitos no pleito realizado em novembro de 2020.
Irmão do ex-deputado e atual vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque, Gelson assume o cargo em um momento em que o Conselho de Enfermagem vê aumentar a pressão sobre seus profissionais, após Santa Catarina se tornar um dos três estados brasileiros com mais casos confirmados da Covid-19.
Com quase meio milhão de infectados, o estado figura atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, atuais líderes do ranking, segundo dados do ministério da Saúde.
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Professor titular aposentado do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ex-conselheiro federal de Enfermagem, Albuquerque é apontado por seus pares como um “guerreiro da Universidade Pública, da enfermagem, da Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Valorização de profissionais
Diante da crise na saúde pública, em entrevista ao Socialismo Criativo, Gelson Albuquerque destacou o papel fundamental desempenhado pelos profissionais do setor que reúne 2,3 milhões de trabalhadores no Brasil. Para ele, embora o reconhecimento da população tenha chegado durante a pandemia, a definição de direitos compatíveis com a jornada de trabalho da classe ainda é uma meta a ser cumprida no país.
“Somos a maior categoria profissional do setor saúde. A enfermagem é a única das profissões do setor de saúde que está 24 horas, 365 dias do ano, em todos os feriados, trabalhando nos mais diversos locus de ação do Serviço de Saúde. Entretanto, é uma das profissões mais depreciadas e desvalorizadas ante ao mercado do serviço de saúde”, frisou.
Na opinião de Albuquerque, a dimensão da crise sanitária evidenciou a urgência de ampliar direitos de enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes para promover a real valorização da profissão.
“Esses profissionais, hoje, laboram por mais de 40 horas semanais, em plantões muitas vezes que não acabam porque não existem pessoas para substituí-los. São profissionais que atuam, na sua grande medida, com salários muito baixos, com jornadas extremamente extenuantes, sem receber por insalubridade, após ter perdido, há pouco tempo, a aposentadoria especial e ainda sem ter um piso nacional salarial definido. Portanto, é necessário que recomponhamos essas questões frente à história”.
Compromissos da Gestão
No esforço para promover o cuidado com a classe, o novo líder do Coren-SC apontou três eixos centrais em sua gestão, que incluem a ampliação da participação dos trabalhadores, o restabelecimento de articulação com diferentes grupos sindicais da categoria e a garantia de segurança e de uma atenção de qualidade à saúde das populações dentro do SUS.
“Criaremos todos os mecanismos possíveis para que esses profissionais, técnicos e enfermeiros, auxiliares e obstetrizes tenham voz ativa dentro do conselho profissional, para que não sejam apenas espectadores, e sim partícipes da construção, não só do processo de gestão, mas do processo de embate e de construção de lutas que faremos valer de agora até 31 de dezembro de 2023, quando encerra nossa gestão”, disse, a respeito do fortalecimento da instituição.