
Não bastasse o aumento em 52% nas contas de luz, anunciada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o país enfrenta o risco real de um apagão. Embora o governo negue a possibilidade de racionamento de energia, é o que deixa claro o pronunciamento do ministro de Minas e Energia , o almirante Bento Albuquerque.
Apesar de negar risco de racionamento, como aconteceu em 2001, e afirmar que o setor evolui nos últimos anos – a dependência do país das usinas hidrelétricas foi reduzida de 85% para 61% – ele joga no colo da população a responsabilidade.
“Essas medidas são essenciais, mas, para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica, com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia-a-dia da população”, disse me pronunciamento em cadeia nacional, na segunda-feira (28).
Risco de colapso
O Brasil enfrenta a pior seca dos últimos 91 anos. Há alguns dias, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste devem chegar a novembro com 10,3% da capacidade, em novembro. Isso se o plano de ações desenhado pelo governo e órgãos do setor for bem-sucedido. Será o menor nível mensal em 20 anos.
Caso as ações não surtam efeito, o nível dos reservatórios pode cair para 7,5% — percentual em que o sistema de geração de energia entraria em colapso. Atualmente, esses reservatórios estão com apenas 30% da capacidade para enfrentar os próximos meses, que serão de seca nessas regiões.
Governo nega racionamento “educativo”
No último dia 22, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), declarou que o governo instituiria um “período educativo de algum racionamento para não te nenhum tipo de crise maior”. A informação teria sido passada a Lira pelo próprio ministro Bento Albuquerque. Pouco depois, porém, recuou.
Disse ter conversado com o ministro, que segundo ele, “esclareceu” que haverá somente um incentivo, “de maneira voluntária” ao “uso eficiente” da energia pelos consumidores.
Cenário deve piorar com privatização da Eletrobras
Apesar do cenário preocupante, a privatização da Eletrobras segue firme. Mas a oposição não se deu por vencida. Apesar da aprovação pelo Congresso, vai lutar na Justiça para reverter a o avanço do projeto neoliberal conduzido pelo governo Bolsonaro.
Apesar do governo defender que a privatização poderá reduzir as contas de luz até 7,36%, entidades e especialistas do setor preveem justamente o contrário. Afirmam que a conta vai ficar ainda mais cara porque o texto prevê medidas que geram custos que serão pagos pelos consumidores.
Com informações do Ig, G1, Metrópoles