
Nesta semana, o vice-presidente Hamilton Mourão reunirá com investidores estrangeiros, na quinta-feira (9) para discutir ações contra o desmatamento na Floresta Amazônica. Contudo, um grupo de grandes empresários e representantes setoriais enviou uma carta ao VP pedindo que o governo adote ações para superar a crise ambiental. O documento afirma que a percepção negativa do Brasil pode impactar os negócios, trazer prejuízos econômicos concretos para o país, sendo necessário haver o “combate inflexível e abrangente ao desmatamento na Amazônia e demais biomas brasileiros”.
A carta foi divulgada pelo Valor Econômico e simboliza mais uma tentativa de neutralizar o radicalismo adotado por Salles no Ministério do Meio Ambiente. Com canais de diálogo fechados com o ministro, representantes do capital privado viram Mourão como o interlocutor ideal no governo. Mourão é coordenador do Conselho da Amazônia e passa aos empresários uma imagem mais sóbria do que Salles, identificado no exterior como porta-voz do negacionismo bolsonarista.
Executivos de grandes bancos, como o Bradesco, Itaú e Santander, e de multinacionais, entre elas a Microsoft, Bayer, Shell e Siemens assinaram a carta. Representantes de algumas das principais empresas brasileiras também assinam o documento, como Ambev, Natura, Marfrig, Suzano e Vale. Todos necessitam que o Brasil tenha uma boa reputação no exterior para não sofrerem boicotes de seus produtos.
Na Europa, a preservação do meio ambiente é um tema sensível, tanto que as ameaças ao acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul são motivadas pela crise no Brasil.
Receio
A preocupação dos empresários tem aumentado porque o país está se aproximando do período em que as queimadas na Amazônia atingem o seu auge. Ambientalistas alertam que fatores poderão agravar a devastação, já que a temperatura dos oceanos está mais elevada e influenciará diretamente na extensão dos incêndios. O governo brasileiro também vem dando sinais contrários com a política desenvolvida por Salles. Fiscais que coordenaram ações contra garimpos ilegais foram exonerados de seus cargos e um volume baixo da verba empenhada para conter as queimadas foi gasto pelo ministério.
Na segunda-feira (6), o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação pedindo o afastamento de Salles do Ministério do Meio Ambiente. O documento atesta que o ministro cometeu ato de improbidade administrativa ao desestruturar de forma dolosa as estruturas de proteção ao meio ambiente. Segundo o MPF, a permanência de Salles traz, “grandes consequências trágicas à proteção ambiental, especialmente pelo alarmante aumento do desmatamento, sobretudo na Floresta Amazônica”.
O MPF criticou a atuação dos militares na Amazônia, dizendo que os fiscais do Ibama exonerados por Salles conseguiram resultados melhores do que as forças de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e “por um custo menor”. No entendimento dos procuradores, também constitui um ato de improbidade administrativa submeter o Ibama às Forças Armadas nas operações de fiscalização ambiental.
Com informações da Veja.