
Voluntários sem experiência militar e que foram à Ucrânia para lutar contra os russos podem ter facilitado o ataque da Rússia, no último domingo (13), contra a base de treinamento da Legião Internacional em Lviv, próximo à fronteira com a Polônia. O ataque aéreo russo deixou ao menos 35 mortos.
O coronel Fernando Montenegro, que é veterano do Exército Brasileiro e está na Ucrânia fazendo comentários sobre a guerra para a CNN Portugal, afirmou à emissora nesta segunda-feira (14) que “esse ataque ocorreu por conta de uma motivação de caçadores de likes em redes sociais”.
Segundo Montenegro, pessoas “em busca de fama” e sem experiência que foram lutar na guerra como voluntários deram entrevistas a televisões, canais do YouTube e fizeram postagens em redes sociais, permitindo aos russos rastrearem suas localizações e, assim, encontrarem a base militar para o ataque aéreo.
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“Foram fazendo diversas postagens, e quando houve uma concentração dessas pessoas nessa base os russos pegaram e enviaram os mísseis em cima, explodindo tudo. A conclusão que se tem é que narcisismo também mata”, atestou o coronel.
“As pessoas passaram a marcar sua localização mesmo antes de vir para a Ucrânia. Então, misturou pessoas de amadorismo no mais alto grau com profissionais, e resultou numa base atacada por conta da vaidade de caçadores de like”, declarou ainda.
Instrutor de tiro brasileiro fugiu após ataque
Em seu relato à CNN Portugal, o coronel Montenegro citou, entre esses voluntários inexperientes e “caçadores de likes”, instrutores de tiro. É o caso do instrutor de tiro Tiago Rossi, de Maringá (PR), mesma terra do ex-juiz e presidenciável Sergio Moro (Podemos), que foi para a Ucrânia lutar na Legião Estrangeira contra a Rússia. Ele revelou em vídeo publicado nas redes sociais que a Legião foi destruída por um caça das Forças Aeroespaciais russa.
De acordo com Rossi, sobreviveram aqueles que conseguiram sair da base antes do ataque. “Lá tinha militares das forças especiais do mundo inteiro. A informações que a gente tem é que todo mundo morreu. Eles [russos] acabaram com tudo. Vocês não estão entendendo, acabou, acabou. A Legião foi exterminada de uma vez só. Eu não imaginava o que era uma guerra”, disse Rossi.
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Em seguida, o atirador descreve como foi o bombardeio que dizimou o grupo. “Teve um bombardeio, às três horas da manhã teve o primeiro sinal. A sirene tocou. Deu cinco horas da manhã, nem tocou sirene e, de repente, veio um caça e um soltou um míssil em cima da gente. Não teve o que fazer. A gente saiu correndo para o meio do mato. Começou a soltar muitos mísseis em cima da gente”, revelou.
“Quando terminou a primeira onda de mísseis a gente foi reagrupar o batalhão inteiro para ver quantas baixas tiveram. Eles [russos] estouraram toda a parte de paiol, centro médico, acabaram com tudo. Fomos orientados a sair de lá o mais rápido possível”, disse.
Posteriormente, Rossi conta que mesmo após o comando para deixar a base, alguns militares permaneceram no batalhão. “Depois que chegamos no interior da Polônia chegou uma mensagem para nós informando que o bombardeio russo voltou e simplesmente acabou com a base”, finalizou.
Por Ivan Longo e Marcelo Hailer