
Por Henrique Rodrigues
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que as planilhas do Fundo Nacional de Saúde (FNS) sejam investigadas com profundidade para checar uma suspeita de que dinheiro de lá tenha sido usado pelo Ministério da Defesa para custear hospitais pertencentes às Forças Armadas. A informação é do colunista Lauro Jardim, de O Globo.
A pedido da CPI do Genocídio, o TCU mira agora nos ministérios da Saúde, Defesa e Economia para saber se houve algum tipo de uso irregular do dinheiro destinado ao atendimento da população em geral, e que teve importância fundamental durante a crise sanitária do coronavírus, quando as unidades de Saúde de todo país ficaram superlotadas, enquanto os hospitais administrados pelas Forças Armadas mantiveram seus leitos vazios, sem permitir o acesso de civis, mesmo com a elevada mortalidade dos períodos mais trágicos.
Segundo o TCU, a investigação foi aberta para que uma devassa mais profunda fosse feita nas contas, visto que “os dados disponíveis no Siafi e no Portal do FNS/MS não são suficientes para análise adequada desta Corte com a profundidade que o tema requer”. Os três ministérios envolvidos no caso têm 15 dias para responder aos questionamentos formulados pelo órgão fiscal.
Hospitais militares não atendem civis
Em abril deste ano, levantamento feito pela revista piauí apontou que, em 2020, o Ministério da Defesa recebeu R$ 3,3 bilhões para operar seu sistema hospitalar. A maior parte do dinheiro foi destinado para as unidades de saúde do Exército, e o restante se dividiu entre Marinha, Aeronáutica e o Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Apesar de receberem dinheiro público, as unidades barram o atendimento a civis, mesmo com leitos sobrando.
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Além do orçamento bilionário, o Ministério da Defesa recebeu um crédito extra de R$ 531 milhões para o combate à pandemia. Parte desses recursos também foi investida em hospitais militares, enquanto outra foi usada na compra de camionetes e manutenção de aviões.
Segundo a reportagem, o Hospital Militar de Área de Manaus, administrado pelo Exército, chegou a ter 15 leitos clínicos de Covid-19 vazios em janeiro, quando Manaus colapsou pela segunda vez. O mesmo acontecia no Hospital de Aeronáutica de Manaus, onde havia 7 vagas de enfermaria.