por Fred Bottrel em 12/12/2018.
Minas Gerais vem investindo de forma estratégica na Economia Criativa. Ainda no primeiro semestre de 2019, a Agência de Desenvolvimento da Indústria Criativa de Minas Gerais, batizada de P7 Criativo, será inaugurada na capital. Um investimento bilionário foi feito para potencializar o ecossistema de inovação de BH, que vem sendo impulsionado com a instalação de coworkings na cidade.
Com foco na inovação colaborativa, os espaços compartilhados de trabalho ganham adesão de segmentos tradicionais da economia mineira.

União de forças para construir soluções, o chamado modelo de colaboração, é a aposta da Órbi Conecta / (foto: Gadyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Em tempos corridos, confusos e difusos, Belo Horizonte chega aos 121 anos com a sorte de ter na vocação de empreendedorismo digital um DNA valioso, em termos de contratendência. Enquanto a competição predatória e a pressa massacrante dão o tom na maioria dos outros mercados, por aqui a colaboração e o talento para experimentar moldaram a cultura de inovação – e cada passo nessa trajetória estampou as páginas do Estado de Minas. Adiante, o desafio de diversificar a economia mineira. A boa notícia é que, para enfrentá-lo, sobram iniciativas que propõem, agora, a união de forças para construir novas soluções.

Espaço colaborativo do WeWork / (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Essa história até hoje inspira promessas de grandes voos, como o da Take, empresa de chatbots que já atendeu clientes como Rock in Rio, Cemig, Casas Bahia e Santander. No novo espaço, de um andar inteiro, que a Take ocupa na WeWork, alguém escreveu no mural a meta representada pela mudança: #TakeGoGlobal. Do antigo endereço, na Rua Paraguassu, no Prado, quando há 15 anos a empresa tinha 15 funcionários, a Take chegou no novo escritório com 150 funcionários e livre da preocupação com cabos, papéis, telefone e internet.
“Precisávamos mudar porque crescemos e a visão é expandir globalmente porque podemos agora contar com essa estrutura em qualquer lugar do mundo. Se eu quiser montar equipe em Hong Kong ou Cingapura, posso simplesmente fazer um aditivo no contrato e expandir dessa forma. Nosso ativo é mais a propriedade intelectual e não as mesas, os computadores e as cadeiras. Quanto menos eu empatar dinheiro em estrutura é melhor.”
Esse salto de compreensão na tendência de modelo de negócios “asset light” é justamente um dos pontos de convergência para iniciativas como o Mining Hub, que reúne 12 mineradoras em espaço que deve ser inaugurado no ano que vem. “As conversas começaram no fim do ano passado, com o encontro entre mineradoras, pensando em ter a inovação como pilar de transformação deste setor, visto como tradicional, mas que precisa de muita tecnologia”, explica Gustavo Henrique Roque, gerente de inovação da Ferrous.
A ideia, segundo ele, era criar um espaço para aproximar essas empresas e trabalhar com cinco pilares: segurança, gestão de resíduos e rejeitos, fontes de energia alternativas, eficiência operacional e gestão da água. A inauguração do espaço ocorre em janeiro, e em fevereiro chegam as startups. Cada uma fica três meses trabalhando com uma mineradora, em projeto-piloto que, se funcionar, pode ser replicado para as outras grandes companhias.
Oxigenar o negócio com novas ideias que florescem no solo fértil da colaboração foi também o que levou MRV, Banco Inter e Localiza a se unirem para criar e agora manter o Órbi Conecta, outra iniciativa de destaque nesse ambiente. “Diante desse desafio da transformação digital, a parte da tecnologia pode talvez ser a última fase. A questão passa muito mais por estratégias de cultura do que necessariamente contratar novas tecnologias, apesar de que isso acontece para agilizar mudanças”, acredita Anna Martins, diretora-executiva do Órbi Conecta.
O espaço, que funciona no Bairro Lagoinha, região Noroeste da capital, desenvolveu-se a partir da comunidade do San Pedro Valley, a união de várias startups de BH, que já deixou as amarras geográficas do Bairro São Pedro para nomear este ecossistema. “O que esperamos para breve é que o próximo unicórnio brasileiro (empresa que atinge valor de US$ 1 bilhão) virá de Minas”, aposta Pedro Menezes, fundador da Segfy e integrante do San Pedro Valley.
De acordo com ele, a nova geração de profissionais que chega ao mercado de startups em BH já vem com o modelo mental da colaboração azeitado. Parte do processo tem a ver com iniciativas de formação como a da formação transversal em inovação oferecida pela UFMG, com a disciplina empreendimentos em informática, que tem professores voluntários das empresas de destaque no setor.
“Mais de 600 pessoas já passaram por lá e a tendência é que isso chegue também a outras universidades”, diz Menezes. Por causa de iniciativas assim, a UFMG venceu, pela segunda vez consecutiva, o prêmio de universidade do ano pelo Startup Awards 2018, evento organizado pela Associação Brasileira de Startups.

(foto: Divulgação)
