
Após porta-vozes do Serum Institute – um dos centros de produção das vacinas contra a Covid-19 na Índia – anunciarem que o país asiático não permitirá a exportação de doses do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford nos próximos meses, o Brasil se viu obrigado a acionar o Ministério das Relações Exteriores para intermediar as negociações.
“As autoridades sanitárias de Brasil e Índia estão em contato para viabilizar a importação da vacina desenvolvida pela parceria AstraZeneca/Universidade de Oxford, fabricada pelo Serum Institute of India (SII). Como ocorreu em outras ocasiões, a Embaixada do Brasil em Nova Delhi está facilitando o diálogo entre as partes para a pronta conclusão das negociações”, divulgou o Ministério das Relações Exteriores, em nota, nesta segunda-feira (4).
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Horas antes, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já havia indicado a participação do Itamaraty, na tentativa de garantir que o primeiro lote chegue ao país até o dia 20 de janeiro.
Impacto sobre a entrega das vacinas
O maior temor da FioCruz e da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é que o possível veto às exportações coloque em risco a compra de 2 milhões de doses da vacina que é a principal aposta do governo brasileiro para a imunização contra a doença. A compra do imunizante havia sido anunciada pela Agência no último sábado (2). Agora, no entanto, não está claro como a decisão pode afetar as entregas.
Em entrevista à agência de notícias Associated Press no último domingo, o presidente do Instituto Serum, Adar Poonawalla, afirmou que as exportações serão barradas até que a população mais vulnerável da Índia seja imunizada. Ele disse também que a empresa foi impedida de vender suas doses para organizações privadas.
“Só podemos dar (as vacinas) para o governo da Índia no momento”, disse Poonawalla. O presidente da fabricante disse em outra entrevista à agência Reuters que as exportações poderão ser feitas apenas depois de garantir 100 milhões de doses para o governo indiano – o que pode atrasar as entregas para outros países em até dois meses. “O governo indiano só quer garantir que as pessoas mais vulneráveis do país recebam primeiro – eu endosso e apoio totalmente essa decisão”, disse ele.
Aposta na capacidade de produção
Uma das esperanças do governo brasileiro é que o número de doses negociado com o Serum Institute seja considerado pequeno diante da capacidade de produção da instituição.
Autoridades brasileiras também apostam na relação de proximidade entre os dois governos e no fato de o instituto indiano ter feito acordos globais para fornecer o imunizante de Oxford/AstraZeneca.
No entanto, alguns fatores pesam contra uma solução para viabilizar a exportação. O principal deles é a pressão da opinião indiana para que sua população seja imunizada antes que vendas para o exterior sejam realizadas.
Com informações do G1 e Folha de S.Paulo