
A linguagem audiovisual da videoarte foi a ferramenta escolhida por estudantes de comunicação para discutir relacionamentos abusivos entre dois homens. O projeto de curta-metragem experimental “Barravento” é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Matheus Piatti e Giovani Santos, formados pela Faculdade Paulus de Comunicação de São Paulo (Fapcom-SP).
Piatti, que se formou em Rádio, TV e Internet, em 2017, relatou à editoria ‘História de TCC’ do portal IMPRENSA o percurso e as estratégias narrativas que permitiram a ele e Giovani tratarem o tema, para ele denso e motivo e tabu social.
Consequências
O profissional multimídia destacou que, ao retratarem assuntos como violência física e sexual no projeto, na verdade, procuraram trazer à tona as conseqüências de um estresse pós-traumático, explorando o psicológico de uma pessoa envolvida nesse processo. “Para isso, usamos técnicas e uma narrativa experimental”, disse
Perguntado sobre os principais desafios encontrados para dar concretude à produção, ele citou a escassez de dados e informações sobre o tema no Brasil. Piatti conta ao IMPRENSA que o obstáculo de não encontrar muitos conteúdos relacionados ao objeto de explanação, tão recorrente em relações homoafetivas, embora latente na avaliação deles, acabou desafiando os dois a produzirem mais conhecimento para expor o assunto.
“Quando decidimos que queríamos falar sobre relacionamentos abusivos sob a perspectiva do homem como sobrevivente, e não como perpetrador, precisávamos de um embasamento teórico que guiasse o desenvolvimento do nosso projeto. O problema foi que encontramos pouquíssimas informações e dados sobre o tema, seja na área acadêmica, na mídia ou em algum espaço social. O que encontramos foram dados e pesquisas internacionais sobre o tema, mas pouco conteúdo nacional sobre o que queríamos abordar. Isso, é claro, nos motivou ainda mais a fazer esse trabalho para dar nem que fosse o mínimo de visibilidade para o tema e expor esse “segredo” e tabu que é totalmente ignorado”, disse.
Ele provoca: “quantos homens temos por aí contando suas histórias e compartilhando que passaram por situações de abuso, por exemplo? A estatística mais atualizada é a de 1 em cada 6 homens que já passaram por situações de assédio e abuso sexual”.
Ambos atribuem o tabu em torno do tema à estrutura social machista que nega e condena vulnerabilidades. “Concluímos que se tratam de eventos bem recorrentes, mas que não são mantidos na pauta por diversos motivos, dentre eles, o machismo socialmente enraizado e uma cultura que não permite a vulnerabilidade masculina”, constatou Piatti.
Mas o trajeto da pesquisa acadêmica levou Matheus Piatti e Giovani Santos a descobrirem, por exemplo, iniciativas como a da organização 1in6. Situada nos Estados Unidos, a organização se dedica a oferecer acolhimento, com grupos de apoio e canais de contato anônimos, e informações aos sobreviventes do sexo masculino de abuso e agressão sexual.
Confira aqui íntegra do relato ao portal IMPRENSA.