
O ex-presidente Lula encerra o giro de sua pré-campanha ao Nordeste neste sábado (18), com um ato público no Centro de Convenções de Aracaju. Seu companheiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin, que o acompanhou nas etapas de Natal, na quinta, e Maceió, na sexta, estará presente também na capital de Sergipe neste sábado.
O primeiro compromisso no Nordeste em Natal, na manhã de quinta-feira, foi com com artesãs de Timbaúba dos Batistas, responsáveis pelos bordados do vestido de noiva de Janja da Silva -ela estava no encontro.
Lula e Janja conversaram com as bordadeiras sobre os desafios para o cooperativismo no Brasil. Ouviram delas relato das dificuldades que enfrentam hoje com falta de apoio do governo e apontaram prioridades de políticas públicas voltadas para a área que gostariam de ver implementadas. Linhas de crédito e incentivo para participação em feiras são algumas delas, além de políticas de inclusão social, como de financiamento de moradia, o Minha Casa Minha Vida.
Na noite da mesma quinta, uma multidão superior a 15 mil pessoas participou do ato da pré-campanha na Arena das Dunas em Natal, tendo a governadora Fátima Bezerra (PT) como anfitriã.
“Nós resolvemos fazer a transposição e eu tive o prazer de inaugurar um canal de 640 quilômetros, feito às custas da fé do povo deste país. Eu não concebia a ideia de uma parte desse país ver sua cabrinha morrer, ver seu cachorro morrer sem ter um pouco d’água para beber. Além disso, fizemos 1,29 milhão de cisternas para a casa das pessoas e mais 169 mil cisternas para produção e depois que nós deixamos o governo parou”, disse Lula no ato.
Nesta sexta, em Maceió, Lula e Alckmin começaram a agenda com um encontro com produtores culturais e artistas. Lula afirmou que a cultura nacional será peça central de suas políticas, caso volte a ser eleito. Com investimentos e mobilização pelo país, sua ideia é valorizar a produção de cada região e fazer com que isso se espalhe pelo Brasil.
“Eu estou disposto a fazer uma revolução cultural neste país, mas não vamos queimar livro não, vamos distribuir mais livros para as crianças”, disse ele.
Lula contou um episódio vivido durante o período que permaneceu na sede da Polícia Federal, em Curitiba, quando não tinha acesso à internet ou à TV a cabo, em 2019. Chegou às suas mãos um pendrive com o registro de uma das aulas de um curso sobre Canudos no canal Paz e Bem, fundado pelo jornalista Mauro Lopes, da Fórum, e conduzido pelo historiador Pedro Vasconcellos, relatou Lula.
“Me dei conta que muitas vezes a história contada pelos vencedores não significa a verdadeira história, a história contada pelos livros que a juventude aprende é apenas uma meia verdade. A história dos 350 anos de escravidão não está contada como aconteceu. Eu não sabia que Antônio Conselheiro foi levado a uma guerra insana porque um delegado mentiu. Porque ele mandou buscar umas coisas que tinha comprado na cidade, o cara que vendeu avisou pro delegado, o delegado achou que iam invadir a cidade para pegar na marra e começaram a perseguir. O que a gente aprendeu sobre o Antônio Conselheiro? Que era um beato ignorante, um cara que não sabia nada”, criticou Lula.
No mesmo evento, Lula condenou a decisão do governo do Reino Unido de extraditar o jornalista Julian Assange, criador do WikiLeaks, para os Estados Unidos.
“Nós, que estamos falando de democracia, precisamos perguntar: qual crime o Assange cometeu? É o crime de falar a verdade. Mostrar que os Estados Unidos da América do Norte, através de seu Departamento de Comunicação, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive a presidenta Dilma Rousseff”, disse Lula.
“Ele denunciou as falcatruas feitas no país mais importantes do planeta. Esse cidadão deveria receber o Prêmio Nobel porque denunciou um país violando outro país. Se ele for extraditado, é um fim trágico”, completou.
Lula encerrou a passagem por Maceió num ato no Centro de Convenções da cidade, do qual participaram mais de 10 mil pessoas.