
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou, nesta quinta-feira (26), ao lado do pré-candidato ao governo de São Paulo, Márcio França (PSB) para Campinas, onde compareceram ao velório do ex-prefeito Jacó Bittar, um dos fundadores do PT.
Com uma vantagem de 21 pontos percentuais na corrida presidencial sobre Jair Bolsonaro (PL), a viagem foi vista por apoiadores como um importante passo para fortalecer a candidatura de Lula e Geraldo Alckmin (PSB) em São Paulo.
A conversa ocorreu no mesmo dia em que foi divulgada a pesquisa Datafolha que revela a liderança de Lula sobre a candidatura de Bolsonaro.
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Com a possibilidade de vitória no primeiro turno, o petista deve ter maior poder de convencimento para fechar os palanques nos estados. Há algum tempo, Lula tem falado na importância de unificar o apoio em São Paulo.
Expectativas e conflitos
Durante o velório, os dois pouco conversaram, mas segundo informações dos bastidores eles teriam continuado a conversa mesmo após chegarem na capital paulista.
A expectativa dos petistas é de que Lula consiga convencer França a abrir mão da candidatura e deixar o caminho livre para Fernando Haddad (PT).
Com essa negociação, a proposta do PT é a de que Márcio dispute o Senado Federal.
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Do outro lado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o próprio Márcio França não confirmam a possibilidade de acordo.
Ao contrário, em entrevista ao O Globo na última terça-feira (24), o ex-governador afirmou que Haddad é um peso que limita a candidatura de Lula em São Paulo, e que o partido deveria seguir o exemplo da aliança feita com Geraldo Alckmin (PSB) e abrir mão da candidatura.
“Eu também tenho esperança que o PT aceite o Senado e amplie o palanque em São Paulo, mas eu compreendo a situação por eles estarem na frente. O eleitor que vota em mim tem um perfil diferente do que vota no Haddad. Uma saída minha ou dele não levará nenhum dos dois a ganhar no primeiro turno. O que pode acontecer é facilitar o papel da junção Alckmin e Lula. O ativo da vinda do Alckmin era estarmos todos juntos. Ainda tem tempo até as convenções. As peças não estão todas jogadas no tabuleiro”, disse França.
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Para o ex-governador, o movimento feito com a vinda de Alckmin para a chapa é para avançar no eleitor tradicional do PSDB em São Paulo. “Aquele sujeito do interior que se achava meio progressista. Ou os herdeiros do Mário Covas e do (Franco) Montoro”, disse.
Para França, Haddad não tem o perfil para ampliar o número de votos em Lula no Estado. “Não conheço nenhum eleitor que é Haddad que não seja Lula.”
Apesar da crítica, o socialista garante que a prioridade é a disputa presidencial. “Qualquer sacrifício vale para manter a democracia no país. É o que de alguma forma inspirou o Alckmin. Para o eleitor do Alckmin, foi muito difícil esse movimento. Ele sente nas ruas. O eleitor passou a vida disputando com um grupo político, depois você fala que é para votar naquele grupo. O resultado da eleição ficará abaixo de um ou dois milhões de votos no segundo turno. Uma eleição muito perigosa”, avaliou.