
Após as repercussões negativas do áudio sexista sobre mulheres ucranianas, o deputado estadual Arthur do Val (Podemos), o “Mamãe Falei”, tenta se erguer em meio a enxurradas de pedidos de cassação e críticas dentro do próprio partido. Neste domingo (6) um pedido de cassação com a assinatura de 15 parlamentares foi protocolado no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Os signatários pertencem a cinco partidos diferentes, tanto da esquerda quanto da direita. O documento pede que o deputado seja investigado por ato de quebra de decoro e solicita a perda do mandato do parlamentar.
Outras representações foram apresentadas ou assinadas por outros parlamentares desde que o áudio foi vazado, na sexta-feira (4). O pedido protocolado hoje destaca a “sordidez dos áudios” diante do “momento vivido pela Ucrânia e seu povo”.
“As declarações são graves em qualquer contexto, em qualquer país e fosse no Brasil, poderiam ser enquadradas em crimes de assédio sexual pela lei brasileira – definido no artigo 216-A do Código Penal como “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
A representação foi assinada por Carlos Gianazzi (PSOL); Dr. Jorge do Carmo (PT); Emídio de Souza (PT); Gil Diniz (PL); José Américo (PT); Leci Brandão (PC do B); Luiz Fernando T. Ferreira (PT); Márcia Lia (PT); Maurici (PT); Mônica da Mandata Ativista (PSOL); Patrícia Bezerra (PSDB); Paulo Fiorilo (PT); Professora Bebel (PT); Ricardo Madalena (PL) e Teonílio Barba (PT).
O próprio Arthur do Val postou ontem (5) um pedido de desculpas e alegou que foi um momento de “empolgação”. Ele também retirou a pré-candidatura ao governo de São Paulo e enfrenta processo disciplinar dentro do próprio partido.
Membros do alto escalão do Podemos alegam esperar que “Mamãe Falei” peça a desfiliação do partido nos próximos dias. A presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), chegou a ser comunicada que integrantes da legenda na Câmara dos Deputados e no Senado Federal são favoráveis a expulsão do parlamentar.
Moro e MBL tentam tentam se esquivar
No Twitter Sérgio Moro e outros bolsonaristas se posicionaram contra “Mamãe Falei” em uma tentativa clara de desvencilhar a imagem do parlamentar, que caiu no limbo do grotesco. Moro
O próprio MBL, que o próprio Arthur ajudou a criar, se manifestou para descolar sua imagem do deputado. Porém, a internet não deixa barato e o coordenador atual do movimento, Renan Santos, foi logo pego em contradição.
Ainda ontem (5), Renan postou em um grupo do Telegram que “não tem a menor ideia” do que seja “tour de blonde”, termo que Arthur do Val usa para contar sobre rotas de turismo sexual quando os dois estavam juntos na Ucrânia, supostamente para “cobrir” a guerra com a Rússia.

Nos áudios vazados, Mamãe Falei sugere que Renan praticaria turismo sexual no leste europeu. “O Renan [Santos] faz uma viagem todo ano, que nos últimos três anos ele não fez. Chama-se ‘tour de blonde’. O que ele faz? Ele viaja os países só para pegar loiras. Só que ele tem técnicas. Ele já está avançado. E ele me deu algumas dicas”, diz o deputado.
Em resposta, Renan disse não saber do que se trata. “Me colocou na história de uma maneira nada a ver. Um cara que faz ‘tour de blonde’. Não tenho a menor ideia disso aí. Acho que ele tá exagerando porque já fui para a Suécia umas 2 ou 3 vezes, coisa de 12 ou 13 anos atrás. Misturou essa coisa de leste europeu, o que é bizarro porque na Suécia todo mundo é rico”, afirmou.
No entanto, ainda “passou pano” para o amigo. “Ele não fez por maldade, estava empolgado só.”